"Um jogo de montar". É dessa maneira que o engenheiro do escritório regional de Apucarana da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Marlon Eduardo Rodrigues, define uma das obras mais importantes em execução pelo Governo do Estado, em parceria com o Governo Federal, através da Caixa Econômica Federal (CEF).
Rodrigues é o responsável pela execução das obras do programa Casa da Família/FGTS, com 73 unidades no Módulo 10 do Moradias Alto da Boa Vista e mais 213 casas no Residencial Arapongas I – Santa Efigênia, ambos no município de Arapongas. "Toda a produção do material é planejada cuidadosamente para que possamos ter uma moradia de boa qualidade e construída em um menor espaço de tempo", diz Marlon.
O engenheiro é professor universitário e está aplicando uma metodologia de obras que impressiona pela organização e limpeza dos canteiros. Cada um dos trabalhadores tem uma função específica na construção dos empreendimentos e dessa forma, Marlon tem conseguido reduzir de um ano para oito meses o tempo de construção de uma moradia.
"Antigamente, o pedreiro fazia tudo sozinho, e assim ficávamos sujeitos a interrupções desnecessárias nas obras", explica. Hoje, com as obras da Cohapar, muitos trabalhadores se especializam em determinadas funções. "Além de melhorar a qualificação, podemos deslocar trabalhadores com uma determinada especialidade de uma parte de um canteiro para outra, caso seja necessário", informa Marlon.
Os projetos das moradias da Cohapar são diversificados – de forma a evitar a massificação dos conjuntos habitacionais tradicionais – e isso representou um desafio a mais para Marlon. "É um grande desafio manter uma estrutura de uma construtura e trabalhar com recursos limitados". No entanto, depois de concluída a obra, o engenheiro sente-se recompensado pelo esforço empreendido. "É gratificante ver a alegria das pessoas quando vêm visitar as obras das casas", diz Marlon. Aos domingos, quando as famílias estão de folga e o acesso das pessoas é liberado, o número de visitantes chegou a ultrapassar 100 pessoas em Arapongas.
A vista dos canteiros impressiona a todos que ali passam. Os operários usam todo o equipamento necessário para proteção e dispõem até de um refeitório junto ao local de trabalho. Da limpeza do terreno até a entrega das chaves, nenhum detalhe escapa à avaliação do engenheiro. "Mostramos para as pessoas em volta como é a qualidade Cohapar de obras", destaca.
Um fenômeno apontado por Marlon é bastante visível no entorno das obras da Cohapar em Arapongas: o da industrialização. Onde há anos era apenas mato, agora existem indústrias. "Muitos trabalhadores moram em casas da Cohapar", completa. No aspecto visual, os conjuntos da Cohapar mudam a cara da cidade.
"À medida em que as casas vão ficando prontas, a vizinhança dos novos mutuários se apressa em reformar as moradias, em uma competição bastante saudável", observa Marlon. Além de abrigar os trabalhadores, as casas da Cohapar também ajudam a tornar a cidade mais bonita e próspera, com a diversificação arquitetônica e mais trabalho na construção civil.
Retorno ao interior
As moradias do Casa da Família/FGTS têm 40, 44, 52 ou 63 m² e são construídas pelo sistema de gestão comunitária. Através dele, são formadas associações de moradores (formadas pelos beneficiários do programa) que acompanham todo o processo de construção das casas, desde a escolha dos projetos até a comercialização das unidades. A Cohapar administra os recursos financeiros, com a participação das associações, e contrata os profissionais autônomos para execução de serviços nas obras.
O pedreiro Elias Ribeiro, de 42 anos, responsável pela parte de alvenaria e reboco, está há nove meses prestando serviços para a Associação dos Moradores do Casa da Família/FGTS. Ele sustenta a esposa e os dois filhos, e chegou a trabalhar em obras em Curitiba. Ele fez o caminho inverso da capital para o interior do estado para conseguir trabalho e diz que nunca havia visto uma obra tão organizada quanto à de Arapongas. "A organização nos canteiros facilita bastante o nosso trabalho e com a utilização das fôrmas metálicas, é possível rebocar as casas com mais precisão e com menor desperdício", diz Ribeiro.
Aprendizado nas obras da Cohapar
Para muitos jovens, é muito difícil conseguir um trabalho sem possuir experiência. No entanto, a construção de moradias da Cohapar tem permitido ingresso de muitos jovens no mercado de trabalho.
O auxiliar de carpintaria Claudio Rodrigues Maria tem apenas 19 anos e agora trabalha sem a supervisão de ninguém nas obras da Cohapar. "No início foi difícil pois não tinha muito conhecimento do processo, mas prestando muita atenção na forma como os companheiros trabalhavam, comecei a me virar sozinho mesmo", conta.
Casado e sem filhos, Claudio mora em Arapongas e presta serviços para a Associação dos Moradores do Casa da Família/FGTS do Residencial Arapongas I – Santa Efigênia. "Estava muito difícil conseguir algum trabalho, mas com o que ganho consigo sustentar os gastos pessoais e da minha esposa", diz.