O município de Curitiba tem condições de abrigar 21 das 59 famílias despejadas em meados do mês passado de uma área de ocupação irregular em Campo Magro, na Região Metropolitana. A oferta foi feita durante reunião realizada na tarde desta quarta-feira (01) na sede da Cohab, entre representantes da Prefeitura, dos moradores desalojados, da Cohapar e o prefeito de Campo Magro, Rilton Boza.
Embora a ocupação irregular tenha se dado em outro município, a Prefeitura de Curitiba, atendendo a um pedido das famílias desalojadas e de movimentos populares, entrou no processo, depois da desocupação feita em Campo Magro, para mediar uma solução para o problema.
O presidente da Cohab, pastor Valdemir Soares, que coordenou a reunião, disse que o município de Curitiba poderá receber, em caráter emergencial, uma parte das famílias em 21 lotes disponíveis no Moradias Monteiro Lobato, loteamento localizado no bairro do Tatuquara. "É uma alternativa para dar uma resposta rápida ao problema gerado pela desocupação" falou.
De acordo com o presidente da Cohab, uma solução para todo o grupo depende também da participação de outros municípios da Região Metropolitana. Ele se dispôs a agendar uma reunião com os prefeitos da área para avaliar a contribuição que cada um poderá oferecer.
Parceria
A diretora de projetos da Cohapar, Rosângela Curra, disse que o governo do estado poderá auxiliar nesta tarefa, sensibilizando os prefeitos da Região para a necessidade de dar uma resposta às famílias desalojadas. "A criação de uma parceria entre as diversas prefeituras e o governo do estado poderá ser um caminho para solucionar a questão", declarou.
Segundo Rosângela, a Cohapar não tem disponibilidade de áreas para abrigar as famílias na RMC porque a empresa executa seus projetos em terrenos que são doados pelos municípios que recebem os empreendimentos. A possibilidade que havia sido levantada pela própria Cohapar de assentar parte das famílias na cidade de Paranaguá não poderá ser viabilizada, porque houve resistência do Ministério Público e da Prefeitura locais à concretização da idéia.
O prefeito de Campo Magro, Rilton Boza, disse que o município não tem condições de abrigar as famílias relocadas, por falta de estrutura da Prefeitura e também pela inexistência de áreas para implantação de novos projetos. De acordo com ele, a Prefeitura, a Câmara Municipal e as secretarias funcionam em imóveis alugados. "Não tenho terreno nem para construir uma unidade de saúde, porque 70% das terras do município estão dentro de área de preservação ambiental e não podem ser usadas", explicou.
Para auxiliar no assentamento das famílias nos 21 lotes do Moradias Monteiro Lobato, a Cohapar se propôs a providenciar a instalação sem custos de infra-estrutura – redes de água e energia elétrica – junto às concessionárias Sanepar e Copel.
As 59 famílias desalojadas haviam ocupado uma área particular de preservação ambiental e o despejo se deu em cumprimento de uma ordem judicial de reintegração de posse concedida pela Justiça a um pedido dos proprietários.
Do total das famílias despejadas em Campo Magro, 41 estão provisoriamente instalados em um barracão no Tatuquara, cedido pela Prefeitura de Curitiba. Elas foram cadastradas pela Fundação de Ação Social (FAS) e estão recebendo acompanhamento dos técnicos sociais da Prefeitura, das áreas de saúde, educação e da Administração Regional do Pinheirinho.