Soja transgênica não tem vez na linha de produção da Cocamar, cooperativa sediada em Maringá que deve faturar R$ 900 milhões neste ano, quase a metade com produtos derivados de soja. A Cocamar até aceita receber soja transgênica de seus cooperados, mas separa esses grãos para exportação ou venda para outras indústrias. ?Sabíamos que teríamos que fazer a rotulagem se misturássemos a soja transgênica. Como a quantidade de soja transgênica que recebemos é relativamente pequena, optamos por separá-la?, explica o gerente comercial da Cocamar, José Cícero Aderaldo.
Por enquanto, segundo Aderaldo, a Cocamar ainda não planeja usar a recusa aos transgênicos como diferencial de mercado para seus produtos. ?Não estamos anunciando isso. Vamos esperar o mercado se definir?, afirma o gerente comercial. Segundo ele, a separação da soja geneticamente modificada visa apenas evitar a colocação do T de transgênico nas embalagens. ?Pelo que tenho ouvido do nosso presidente Luiz Lourenço, o que é certo é certo. O produtor tem o direito de escolher o que vai plantar, e o consumidor tem o direito de escolher o que quer comprar?, afirma.
A Cocamar vai processar neste ano 780 mil toneladas de soja. ?Já temos a quantidade de que vamos precisar neste ano. Então não há possibilidade de usarmos os grãos transgênicos nas fábricas?, afirma Aderaldo. A cooperativa produz óleo de soja refinado com as marcas Cocamar e Purity, maionese de soja, bebidas à base de soja com sabores de frutas, farelo, creme e leite condensado de soja.
Aderaldo estima que a soja geneticamente modificada equivale a 7% do total recebido neste ano pela Cocamar. ?É mais ou menos o equivalente à área plantada com soja transgênica na nossa região?, afirma. ?A partir de setembro, vamos analisar a compra de sementes pelos cooperados para decidirmos o que vamos fazer?, diz.
A Cocamar tem 6,8 mil cooperados e forte atuação em grãos, café, algodão e laranja. A cooperativa tem capacidade de processar 2,6 mil toneladas de soja por dia. A produção é voltada para o mercado nacional e 45% do faturamento vêm dos produtos à base de soja. Em 2005 a Cocamar conquistou 15 posições no ranking das 400 maiores empresas do agronegócio brasileiro, saltando do 85º para a 70º lugar.
O Paraná é pioneiro no País na fiscalização da rotulagem de alimentos com ingredientes transgênicos. A fiscalização começou neste mês, com base no Código de Defesa do Consumidor, que garante o direito à informação relevante para a saúde, e no Decreto Federal 4.680, que determina que os alimentos com pelo menos 1% de transgênicos em sua composição tenham essa informação nos rótulos.