O movimento olímpico nacional está em conflito. O tênis e a vela terão de se desfiliar do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), segundo determinou às respectivas confederações o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
A decisão foi informada aos dirigentes através de carta e provoca polêmica. Embora os recursos que recebia do movimento paraolímpico sejam pequenos, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) alega que o dinheiro é o único que os atletas que jogam tênis de cadeira de rodas têm para competir.
?Consultei a federação internacional de tênis (ITF), que se manifestou a favor da filiação?, disse Jorge Lacerda da Rosa, presidente da CBT. ?Entreguei o caso ao nosso Departamento Jurídico para ver o que pode ser feito nesse caso.
Lars Grael, presidente que se afastou da Federação Brasileira de Vela e Motor – pediu intervenção para que fossem investigadas as contas da entidade -, diz que se acatar a decisão do COB, com ressalvas.
?O que causa estranheza é que várias federações internacionais, como a de vela, são filiadas ao Comitê Paraolímpico Internacional e também ao Comitê Olímpico Internacional.
Para Lars, o comitê paraolímpico tem sido prejudicado por briga pelo poder que acaba prejudicando o interesse dos atletas. ?Na assembléia do CPB, pela vela, me senti desconfortável?, admitiu. ?O ambiente é insalubre.
O COB alega ?que a filiação ao comitê paraolímpico de suas filiadas fere as determinações constantes da Carta Olímpica e do seu Estatuto?.
Na verdade, os documentos citados não trazem nenhum artigo que proíba a dupla filiação. Mas falam apenas de esportes olímpicos. O COB entende que está implícito que as confederações terão de se desligar do CPB.
O assunto teria sido levado pelo senador Flávio Arns (PT-PR), ex-presidente da Associação Brasileira de Desportos de Deficientes Mentais (Abdem), ao presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.
A Abdem divide com outras filiadas os recursos disponíveis de patrocinadores e da Lei Piva para o movimento paraolímpico. As outras filiadas são a ABVP (vôlei), CBBC (basquete), Abradecar (cadeirantes), ABDC (cegos) e Ande (deficientes).
A essas seis entidades se juntaram, pouco antes da eleição do presidente do CPB, Vital Severino Neto, as conferações de vela e tênis. Vital não se manifestará até reunião com o COB, em abril, para discutir a questão.