O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), D. Geraldo Majella, reconheceu hoje o apoio da Igreja, por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), à expansão do Partido dos Trabalhadores no País, nos anos 1980. Ao comentar relatório do Centro de Informação do Exército, de julho de 1987, sobre o papel de grupos religiosos no crescimento do partido, publicado no domingo pelo Estado, ele evitou críticas ou qualquer mea-culpa aos grupos católicos considerados "progressistas", especialmente num momento em que a conduta ética do PT é questionada até por setores da esquerda.
D. Geraldo sugeriu que a manifestação política de padres e bispos à época não deve se repetir, independentemente de candidatos e partidos. "O importante é que nós, como Igreja e bispos, não podemos apoiar candidatos e partidos que confiamos ou acreditamos", afirmou.
Ele disse que a CNBB marcou presença na divulgação do partido do então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva nas cidades brasileiras. "Certamente, essa participação não é de agora, e essa vontade de colaborar houve também por parte da CNBB", salientou.
D. Geraldo observou, no entanto, que a manifestação política individual de representantes de grupos religiosos ligados a entidades como a conferência, é livre. O que não pode ocorrer, segundo o presidente da CNBB, é o suporte das organizações a candidatos e legendas. "Não podemos impedir que nossos grupos se pronunciem politicamente no campo local", disse
Ele evitou, porém, fazer qualquer crítica aos representantes das Comunidades Eclesiais de Base. Foram a partir das CEBs que muitos diretórios petistas surgiram em bairros de periferia das capitais e nos grotões do País.
As declarações do presidente da CNBB foram feitas numa entrevista durante lançamento da Campanha Nacional de Combate nas eleições de 2006.