Ao classificar 2005 como mais um ano "perdido no aspecto social" no País, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o cardeal-arcebispo d. Geraldo Majella Agnelo, desejou que 2006 seja o ano de "redenção" do governo Lula em relação a programas que beneficiem diretamente o povo.
Na sua última entrevista do ano, ontem, em Salvador, d. Geraldo criticou a corrupção revelada no escândalo do mensalão e foi irônico quando comentou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que as CPIs não teriam provado, até o momento, nenhuma falcatrua: "Acho que ele (Lula) precisa ver melhor".
E continuou: "Se esses mensalões e companhia não são alguma coisa terrível, que ele (Lula) procure, imediatamente, investigar e exigir o esclarecimento dos fatos." D. Geraldo foi duro nas críticas à área econômica.
Disse que há um "passivo" social no País que se acumula na gestão do presidente Lula. Sobre a antecipação do pagamento da dívida do Brasil com o Fundo Monetário Nacional, destacou que "a dívida interna permanece e quem sabe ainda é maior".
Miséria
Ele considerou irrelevante a pesquisa divulgada recentemente dando conta de que a taxa de miséria teria sido reduzida um pouco nos últimos anos. "São números que oscilam para cima e para baixo: é tão grande o universo da miséria que não basta uma melhoria mínima, não vai fazer diferença."
Ao comentar a expectativa para o próximo ano eleitoral, o presidente da CNBB dirigiu outra crítica, de forma indireta, a Lula. Afirmou que não importa qual o candidato que se eleja em 2006, o mais relevante é que ele faça promessas que possa cumprir e de grande alcance social.
Em relação aos acusados no escândalo do mensalão, enfatizou não ser preciso apenas punir os responsáveis (até com cadeia caso seja necessário), mas também recuperar o dinheiro supostamente desviado.