CNBB critica agressividade da campanha política

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jayme Chemello, condenou hoje o tom agressivo que tem dominado o debate político envolvendo os candidatos à Presidência da República. A preocupação foi demonstrada também por outros 27 bispos, que participaram da reunião do Comissão Episcopal de Pastoral, nesta semana, que durou três dias. Nas reuniões, foram elogiadas as novas alianças firmadas entre os candidatos, como a que uniu o candidato da coligação PT-PL, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ex-presidente José Sarney.

Na definição dos religiosos, essas alianças são chamadas de ?reconciliação?. ?A reconciliação é uma coisa muito boa. Claro que a gente não deve se entregar, mas buscar um esforço para a unidade deste país?, afirmou dom Chemello, ao ser questionado sobre a aliança de Lula com Sarney. Dizendo que é impossível um político governar sozinho, ele lembrou que as ?rusgazinhas? entre adversários são normais, porém não devem dominar o cenário político. ?Não é o caminho, eles ficarem atacando-se, pois o povo quer saber sobre os programas de governo de cada um?, afirmou o bispo, ressaltando que os candidatos deveriam se preocupar com outras questões, além das econômicas.

O presidente Fernando Henrique Cardoso deverá ser procurado por dom Chemello e os demais bispos que integram a direção da CNBB. Eles querem conversar sobre os efeitos da crise econômica no país, expondo as preocupações da Igreja com o agravamento da miséria, da fome no país e da violência no país.  Os religiosos elogiaram a iniciativa do presidente de conversar com os principais candidatos à sucessão. ?O presidente demonstrou estar preocupado com o bem do país e sem interesse pessoal?, disse o vice-presidente da conferência, dom Marcelo Carvalheira.

Os bispos ressaltaram que a Igreja está aberta para todos os candidatos à Presidência, aos governos, ao Senado, à Câmara Federal e às Assembléias Legislativas para que exponham suas propostas. Na Paraíba, dom Carvalheira abriu as portas da diocese para que os sete candidatos ao governo debatessem. De acordo com dom Chemello, a CNBB não fará campanha para um ou outro partido. ?A Igreja não está empenhada em buscar o poder?  disse ele.

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