Clube de Aeronáutica ameaça ir ao STF contra Lula

Com uma nota em tom de ultimato datada de 31 de março, o Clube de Aeronáutica exige que o governo devolva em 72 horas ao comando da Força o poder de "administrar" a crise aberta pelos controladores de vôo amotinados e revogue a anunciada decisão de desmilitarizar o controle de tráfego aéreo. Se isso não ocorrer, entrará no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma denúncia de crime de responsabilidade contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para depô-lo por supostamente atentar contra a Constituição, e com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), para que suas determinações na crise sejam revistas.

O prazo dado ao Palácio do Planalto vencerá quarta-feira, às 21h segundo o presidente da entidade, tenente-brigadeiro-do-ar da reserva Ivan Frota. "O que pedimos é que ele (Lula) se retrate da proibição de que o comandante da Aeronáutica punisse os controladores", disse Frota, que em 1998 concorreu à Presidência. "E que volte atrás, pelo menos por enquanto, na decisão intempestiva e precipitada de desmilitarizar o controle de vôo.

Na nota, o clube lembra que o artigo 142 da Constituição diz que as Forças Armadas se baseiam na hierarquia e na disciplina, "sob a autoridade suprema do presidente da República". Também destaca que a lei 1.079/50 estabelece que são crimes de responsabilidade "os atos do presidente que atentem contra a Constituição Federal", com pena de "perda do cargo e inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública". E lembra que o Código Penal Militar considera crimes: recusar-se a atender a ordem de superior; abandonar sem ordem superior o posto – esses dois delitos, em guerra, são punidos com a morte, destaca ; deixar de desempenhar missão; desobedecer a ordem de autoridade militar; e retardar ou deixar de praticar ato de ofício.

Motivos

A nota atribui o motim a duas origens. Um seria "o desespero dos controladores envolvidos na responsabilidade pela morte de 154 pessoas" no acidente com o avião da Gol, em 2006 que, segundo a entidade, "orientados por seus advogados, procuraram transferir sua culpa para eventuais deficiências do sistema". Outra seria o interesse do governo de enfraquecer os militares politicamente. Além da nota, a entidade exorta militares da ativa e da reserva a se reunirem "em assembléia permanente, em vigília cívica, nas instalações do Clube de Aeronáutica" no centro do Rio.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo