Clima tenso marca encontro de presidentes em Puerto Iguazú

Puerto Iguazú – O encontro de hoje (4) em Puerto Iguazú, na Argentina, entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Bolívia, Evo Morales, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Néstor Kirchner, foi marcado por um clima tenso.

Apesar de os presidentes Chávez e Kirchner terem mencionado que a reunião foi das melhores que já participaram (para Chávez, a melhor dos últimos sete anos), o que se via nos salões do Iguazú Grand Hotel era um clima tenso entre os corpos diplomáticos dos países envolvidos na negociação, provavelmente ainda contaminados pela forma beligerante com que Morales anunciou a nacionalização das reservas de gás e petróleo da Bolívia, na última Segunda-feira (dia 1º), com a invasão da refinaria da Petrobras naquele país pelo exército.

Nas mesas em que os integrantes do Itamaraty conversavam com representantes dos ministérios de relações exteriores dos outros países foram deixados de lado os sorrisos e, muitas vezes, as brincadeiras amistosas por faces carrancudas e com fisionomia de preocupação.

Assessores dos diversos governos também mostravam apreensão com mais de três horas e meia de reunião dos presidentes, sem a presença de nenhuma outra testemunha, o que deixava as equipes sem detalhes das negociações. Até mesmo colaboradores muito próximos do presidente Lula, como o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia e o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim evitaram comentar a reunião.

O vice-presidente da República, José Alencar, chegou ao ponto de afirmar que, por ser vice, não participava das negociações, e tampouco conhecia detalhes dos acertos.

No encerramento do encontro, os presidentes mostravam-se sorridentes e chegaram a fazer algumas brincadeiras. Na conferência internacional de imprensa, por exemplo, Hugo Chávez recebeu um "ultimato" de Kirchner para que só falasse por cinco minutos, provocando risos na platéia e entre os presidentes. Apenas como referência, Chávez concedeu uma entrevista em São Paulo, na semana passada, que teve duração de mais de duas horas Hoje (4), falou por menos de dez minutos, sem respeitar totalmente o limite imposto pelo anfitrião argentino.

Os presidentes procuraram esvaziar o debate em torno do preço do gás natural boliviano, deixando a decisão para negociações bilaterais futuras, e centraram o foco em temas como a necessidade de se investir na Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, e garantir a regularidade de abastecimento do gás natural, sem prejuízos maiores, no curto prazo, para os consumidores.

Enfatizaram também a construção do megaprojeto do gasoduto interligando Venezuela e o Cone Sul, com mais de 9 mil quilômetros de extensão, podendo custar US$ 25 bilhões e demandando mais de seis anos de obras. O ingresso da Bolívia no empreendimento, tratado até a semana passada prelo governo evo Morales como "loucura" e "megalomania" foi considerado uma das vitórias da reunião de Puerto Iguazú.

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