Desta vez o deputado Severino Cavalcanti, terceiro homem na hierarquia de sucessão do presidente da República -os céus nos protejam! – ultrapassou os limites do bom senso e do equilíbrio protocolar que deveria externar como presidente da Câmara dos Deputados.
Em discurso proferido na Assembléia Legislativa do Paraná, talvez estimulado pelo clima de quermesse de seus comícios no agreste pernambucano, e sob o aplauso de uma claque conquistada na véspera, o tosco repentista deu um ultimato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A retórica deslumbrada de Severino não deixou por menos: Lula entrega o Ministério das Comunicações ao deputado Ciro Nogueira (PP-PI), ou o PP abandona de vez a base do governo e se alia ao PFL.
Mesmo remendado depois por um dos palafreneiros, o destempero verbal do presidente da Câmara desferiu um pontaço no ânimo abalado de Lula, às voltas com uma reforma claudicante. Jamais se viu tamanha audácia, tanto mais nociva por tratar-se de indefectível e pública manifestação de fisiologia.
Será mais um pesado desafio para o presidente: engole o sapo que o conterrâneo lhe manda sobre um rachado prato de barro, ou prefere ficar com os companheiros dispostos a repartir a dificuldade de governar sem fazer concessões abusivas.
