O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reviveu os melhores momentos de sua longa experiência em campanhas políticas, ao discursar no segundo dia do 3.º Congresso Nacional do PT, realizado em São Paulo no último final de semana.
Aliás, não se esperava outro procedimento de Lula, até porque ninguém alvejado tão direta e duramente pela crise moral que corroeu o partido desde a eclosão do escândalo dos mensaleiros foi capaz de suportar a sucessão de golpes.
Não foi desta vez que o presidente passou recibo: ao contrário, declarou em alto e bom som que o ?PT não tem do que se envergonhar?, malhando na tecla que a agremiação foi agredida por uma onda sistemática de assaltos forjados pelo preconceito e o ódio de classe.
Talvez, num reflexo condicionado soprado pelo tom de comício em que se transformou a participação do presidente da República no congresso do partido, Lula chamou a atenção dos correligionários para a necessidade de ?que estejamos preparados para os tsunamis que virão?.
E, na manjada retórica mitingueira adquirida desde os primeiros embates sindicais no ABC paulista, graças ao estoque de frases reservadas para a ambígua, mas utilitária função de expressar, ao mesmo tempo, a verdade e seu contraditório, Lula pôs a platéia de pé ao bradar que nenhum adversário tem mais moral e ética do que ele para fazer julgamento ou atacar o PT. Acreditar quem há-de?
O conselheiro Acácio sentir-se-ia vexado se estivesse presente e ouvisse o presidente brasileiro verter tamanha sapiência, como no trecho em que pediu solidariedade aos companheiros acusados de envolvimento no mensalão: ?Até agora nenhum deles foi inocentado, mas também nenhum deles foi culpado?. Uma conclusão que, decerto, fez estremecer as pilastras da cidadela de Themis…
É compreensível que o presidente, ainda líder imbatível do Partido dos Trabalhadores, tenha feito um discurso carregado nas tintas do emocionalismo, sobretudo em função do estrago causado pelo STF, a aceitar a idéia de que o contexto é ruim para o lançamento de candidatura própria à sucessão.
Contudo, o partido aprovou resolução contrária à do presidente Lula. Este, porém, não moverá uma palha para que o candidato venha a ser um quadro do PT.
