São coisas típicas da política brasileira. Todos dão palpite, mas ninguém chega à conclusão ideal. É o caso dos partidos que não tiveram votos suficientes para suplantar a cláusula de barreira. Precisavam de 5% dos votos válidos em todo o território, ou 2% em nove estados, tendo em vista a eleição dos congressistas.
O problema é que 120 deputados foram eleitos em todo o Brasil pelos 14 partidos ameaçados pela cláusula, ou seja, sem direito a indicar líderes de bancada, participar de comissões internas, sem acesso ao fundo partidário e horários gratuitos em rádio e televisão. Eles poderiam fundir-se entre si e formar um novo partido, agregar-se aos que resistiram ou formar federações partidárias, mas ninguém se atreve a firmar posições.
A confusão é tanta que nem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conseguiu pronunciar a palavra final sobre o imbróglio, que de um lado pune partidos ideológicos como PPS, PCdoB, PV e PSOL, e por outro contribuirá para extirpar as chamadas legendas de aluguel.
Salvaram-se apenas sete partidos da imensa colcha existente: PT, PMDB, PSDB, PFL, PP, PSB e PDT. As surpresas vieram com a rejeição de PTB e PL, até então figurantes da base política de Lula, notórios pela densidade de mensaleiros nas bancadas federais.
Não deixa de ser cômico que os atuais não-partidos, condenados ao limbo pela cláusula de barreira, elegeram bancada maior que qualquer outro. Vencidas as tradicionais veleidades e sufocada a cupidez vaidosa de tantos pais da pátria, a atuação coesa dessa fração parlamentar estabeleceria uma correlação de forças jamais vista no Congresso Nacional. Algo para pensar com cuidado.