"Não estou parando feliz, mas não dá para conviver com a dor. Depois da cirurgia (no púbis, em 2001), lutei, tentei realizar todos os meus sonhos, mas a dor ficou cada vez mais forte." Assim, o velocista Claudinei Quirino, 34 anos, anunciou hoje sua aposentadoria, no escritório do seu patrocinador, a Brasil Telecom, em São Paulo. A despedida das pistas será no sábado à tarde, no revezamento 4X100 m do Troféu Brasil de Atletismo, que começa amanhã e vai até domingo, no Ibirapuera. Amanhã, a atração será Jadel Gregório, especialista em salto triplo, mas ainda pelas eliminatórias do salto em distância – a partir das 15h.
A competição reunirá 792 atletas, representando 103 clubes e será mais uma oportunidade para obtenção de índices para o Mundial de Helsinque, na Finlândia, em agosto.
Especialista nos 200 m – foi campeão do Grand Prix em 1999 -, Claudinei desistiu de correr a prova no Ibirapuera, que terá eliminatória amanhã à tarde. "Quero terminar com uma imagem boa, com as pessoas que fizeram parte da minha vida", justificou, ao se referir aos companheiros do revezamento 4X100 m, prata na Olimpíada de Sydney/2000 – André Domingos, Vicente Lenílson e Edson Luciano (Edson não competirá no Troféu porque está contundido).
No revezamento de sábado, Quirino será o segundo homem: "Pedi ao Jayme Netto (técnico), para não prejudicar a equipe. E para homenagear o Edson, que não correrá. Também porque foi assim que comecei – como segundo homem do revezamento." A ordem será Vicente, Claudinei, André e Bruno Pacheco ou Rafael Ribeiro.
Por causa da contusão, Jayme Netto disse que os treinos de Claudinei não foram mais os mesmos: "Nunca mais conseguimos fazer treinos que eram determinantes para ele, como saltos, tiros de explosão. Cada vez que fazia um esforço, tinha de parar cinco dias para se recuperar." O também velocista Vicente Lenílson insistiu para Claudinei participar dos 200 m. "A minha vontade é que ele corresse os 200 m e falasse ‘Voltei!’", disse emocionado. Foi em Sydney que Claudinei passou a gostar dessa prova. "Descobrei que ela podia me projetar para o mundo.
Mas a prata do 4X100m daquela Olimpíada foi o resultado mais importante da minha carreira. Um momento que vou lembrar pra sempre, porque lá deixamos aquela coisa do atletismo de ser rebelde…. O que mais marcou foi a união", lembra Quirino, que será consultor-técnico da equipe Brasil Telecom no Projeto Atletismo Pequim/2008.
Nos 200 m do Troféu Brasil, a briga promete ser boa. Quatro atletas têm índice A, mas só há duas vagas para Mundial de Helsinque, a serem definidas no Ibirapuera: Basílio de Moraes Júnior (BM&F/Caixa), André Domingos , Bruno Pacheco e Vicente Lenílson de Lima (Brasil Telecom/Caixa). A final da prova será sexta-feira, às 16h25.
"Vim para ganhar os 200 m, os 100 m e ainda os 4X100 m", disse André Domingos, 32 anos, que se recuperou de tendinite no joelho esquerdo.
