Os três anos e meio do mandato do presidente Lula mostraram um avanço no perfil de consumo das famílias com rendimento de até quatro salários mínimos, das classes D/E, segundo pesquisa da LatinPanel, na área de não duráveis. Essa faixa da população passou a consumir 27 categorias de produtos em agosto deste ano. No final de 2002, a cesta de compras dessa classe continha 21 categorias.
O estudo apontou que o volume de compras das classes D/E aumentou 11% e o gasto médio cresceu 35% com produtos dos segmentos de alimentos, bebidas, higiene pessoal e limpeza no período, porcentual próximo ao verificado nas demais classes, segundo o estudo. O acesso a esses produtos aumentou 15% no período. Nas classes C e A/B, o volume médio consumidor cresceu 8% e 5%, respectivamente. A penetração aumentou 10% na classe C e 7% na A/B.
De acordo com a LatinPanel, o consumo das classes D/E passou a contar com sucos em pó, massas instantâneas, caldos de tempero, esponjas sintéticas, extrato de tomate, salgadinhos, leite longa vida e maionese. "Houve uma sofisticação da cesta de consumo na baixa renda", afirmou a diretora comercial da LatinPanel e coordenadora do estudo, Margareth Utimura. A classe C passou a contar com as seguintes categorias: pós-xampu, massa instantânea caldo, esponja sintética e salgadinhos.
O conjunto de todas as classes da população brasileira registrou maior acesso aos itens de consumo não duráveis. De acordo com estudo da LatinPanel, a penetração de 70 categorias aumentou 15% desde janeiro de 2003 até agosto deste ano. O gasto médio das famílias no período avançou 31%; e o volume médio dos itens adquiridos teve expansão de 5%.
Na classe C, o aumento da penetração desses produtos passou de 28 para 33 categorias entre final de 2002 e agosto deste ano. As classes A/B tiveram acesso a 36 categorias, ante 30 verificadas no início do governo Lula.
De acordo com a diretora-executiva da LatinPanel Brasil, Ana Cláudia Fioratti, houve, entre 2005 e 2006, o maior incremento do consumo de produtos considerados de preços baixos, como opção à baixa renda manter a compra desses itens, mesmo com o endividamento elevado verificado, principalmente, com aquisição de produtos duráveis e semiduráveis.
Na avaliação de Fioratti, a oferta da indústria de produtos mais adequados a esse consumo evitou, de certa forma, a redução do consumo nesse segmento. Entre o final de 2002 e agosto deste ano segundo a LatinPanel, 48% das marcas líderes no segmento de alimentos perderam participação no total de consumo das classes D/E.
Casa própria
As classes D/E têm como objetivo a reforma de casa e a realização de compras quando considera a possibilidade de aumento de renda. De acordo o estudo, a reforma vem em primeiro lugar, com 29%, e as compras em segundo, com 23% das respostas. O pagamento de dívidas responde por 15% da intenções; poupança, por 11%; e construção, 10%.
Na lista de compras, imóveis são a primeira opção, com 64%; e eletroeletrônicos, a segunda, com 33%. A LatinPanel ressaltou a terceira colocação de alimentos, com 29% das intenções de compra e o potencial de crescimento dessa categoria nessa faixa de renda. Entre os itens de eletroeletrônicos citados estão DVD, TV som, fogão e geladeira. Na avaliação da LatinPanel, alguns deles já podem ser o segundo produto do tipo a ser adquirido pela família.
Para as classes A/B, a melhoria de renda possibilitaria a poupança para 15% das famílias; reforma de casa, para 22%; compra de bens, 24%. A classe C pouparia com a renda extra, de acordo com 11% dos entrevistados; reformaria casa, para 26%; e compraria bens, 26%, de acordo com dados coletados em 8,2 mil domicílios brasileiros.
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