A Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) vai intensificar ainda mais a fiscalização sobre os embarques de grãos no Porto de Paranaguá. A decisão é do presidente da empresa, Valdir Izidoro da Silveira, após verificar ?in loco?, no último fim de semana, a tentativa da Bunge Alimentos S/A em embarcar 36 mil toneladas de soja transgênica, na madrugada da última sexta-feira, fora dos padrões de classificação.
Os grãos já estavam em forma de blocos e empedrados e nestas condições a soja entra em fermentação, elevando a temperatura do produto no navio. ?Sabemos que a pele da soja, quando fora das condições adequadas de temperatura torna-se material combustível podendo causar incêndios e até explosão?, destacou.
As fotos da soja em forma de bloco foram apresentadas ao governador Roberto Requião, durante a Escola de Governo, na última terça-feira (13). O governador recomendou rigor no trabalho de fiscalização.
O carregamento da soja nos armazéns da Bunge foi suspenso no final da semana passada, quando a Claspar foi acionada pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) no último domingo para verificar as condições do carregamento de soja transgênica no navio Despina.
Silveira relatou que foi no domingo à tarde verificar a denúncia feita por um cliente de que a soja estava fora do padrão. Segundo Silveira, o carregamento estava com percentual de grãos ardidos, chochos e avariados acima do permitido, o que poderia ser identificado a olho nu. Posteriormente, as análises feitas no local confirmaram a suspeita. O produto apresentava concentração de avarias de 9,8%, quando o aceitável seria de 8%.
De acordo com Silveira, a soja estava dentro dos padrões de qualidade fiscalizados pela Claspar quando entrou nos armazéns da Bunge. Mas ela não poderia ficar armazenada por mais de 20 dias, que é o período recomendável para que seja mantida a qualidade do produto. ?Como o período de armazenamento foi praticamente o dobro ? 40 dias ?, a qualidade foi alterada e a soja saiu do padrão recomendado?, explicou.
Silveira identificou na ação da Bunge uma tentativa de burlar o trabalho de fiscalização sobre a qualidade dos grãos exportados pelo Porto de Paranaguá, que vem sendo reconhecido pelo mercado internacional. ?Mesmo a soja transgênica terá que se enquadrar no padrão de qualidade requerido pelos importadores?, disse. Segundo Silveira, o episódio provocou uma fiscalização ainda mais rigorosa para atender aos critérios de qualidade e aos padrões exigidos para a exportação.