Foto: Arquivo/O Estado
Laranjais do Paraná: crescimento e alternativa de renda.

Enquanto o avanço da cultura da cana-de-açúcar em São Paulo reduz o contingente de citricultores de 20 mil para 12 mil, no Paraná a atividade citrícola está em expansão de área e produção, graças a organização da cadeia produtiva da fruta, domínio da tecnologia de produção e, principalmente, pela condição de ser uma alternativa agrícola em substituição às áreas de produção de soja e milho.

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Estes argumentos sinalizam o potencial de crescimento do setor no Paraná e foram debatidos no 1.º Encontro de Produtores de Laranja de Mesa e Indústria, realizado esta semana em Nova América da Colina, com a presença de 280 convidados dos 23 municípios integrantes da região de Cornélio Procópio.

?Quem determina o mercado mundial consumidor de 1 bilhão de caixas (43% de mesa e 57% de indústria) e de 2,2 milhões de toneladas de suco concentrado, são os Estados Unidos no hemisfério Norte e o Brasil, no hemisfério Sul, com São Paulo respondendo por quase, totalidade da produção brasileira?, destaca Benno Roes, gerente do departamento técnica da Corol -Cooperativa Agroindustrial de Rolândia.

A produção dos Estados Unidos de 154 milhões de caixas e 0,7 mil toneladas de suco concentrado da safra passada está baixando na safra atual para 120 milhões de caixas e 0,6 mil toneladas. O Brasil repete a produção da safra anterior de 360 milhões de caixa e 1,2 milhões de toneladas. ?O mercado mundial está consumindo o estoque e a recuperação dos norte-americanos não será rápida, indicando que este ano está bom e ano que vem continuará bom para a citricultura nacional, mesmo enfrentando a política cambial brasileira atual?, assegura.

No Paraná

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A expectativa de produção paranaense é de 8,5 a 9 milhões de caixas de laranjas na safra 2006/2007, com as cooperativas Cocamar respondendo por 2,5 milhões, Corol 2,1 milhões, Citrus 2 milhões e o restante para o mercado in natura, produzidas nas regiões de Paranavaí, Maringá, Rolândia e Nova América da Colina e nas regiões não-tradicionais, como Sudoeste e até Guarapuava, informa o citricultor e viveirista José Gilberto Pratinha, que cultiva a fruta em solo arenito de Paranavaí.

?Se os citricultores participantes do encontro aumentarem a oferta vão ter mais compradores e facilitarão a comercialização das 4 milhões de caixas consumidas no Paraná, podendo receber por uma caixa de 40,8 quilos acima de US$ 3 nesta safra?, alertou.

O encontro

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Durante o encontro com programação técnica de palestras e exposição de insumos, equipamentos e serviços, promovido pelo governo do Paraná, Seab, Prefeitura de Nova América da Colina e Associação dos Municípios do norte do Paraná, o presidente do grupo Nova Citrus, Eriberto Bezerra de Mello, prestou homenagem à Emater pelo trabalho de assistência técnica e extensão rural desenvolvido na citricultura regional.

Para o agrônomo Celso Daniel Seratto, diretor-técnico da Emater, esse reconhecimento fortalece a ação governamental no setor, graças a representatividade dessa entidade, criada em 1994, de 55 associados, que cultivam hoje 350 hectares dos 600 hectares existentes e distribuídos em cinco municípios e que comercializa anualmente 100 mil caixas de 25 quilos de laranja de mesa.

?O pólo da Nova Citrus está consolidado, porque conta com estrutura de pós-colheita para oferecer um produto limpo, desinfectado, polido e classificado. Seus associados se reúnem mensalmente, debatem novas tecnologias, além de contar com monitor de pragas na área de produção a cada 10 dias?, afirma o agrônomo Maurílio Soares Gomes, executor regional de fruticultura da Emater de Cornélio Procópio.

Segundo Soares, a região está com duas novas frentes. Uma é a formação de um grupo de 20 a 40 citricultores em Andirá, onde a introdução da laranja visa ocupar os mesmos canais de comercialização da banana local que já ocupa 1,7 mil hectares. A outra é a expansão da área para 4,1 mil hectares destinada a produção da laranja para suco industrial em parceria com a Corol e apoiada pelo Banco do Brasil, através de financiamentos do Pronaf e Prodefruta, para plantio e formação da lavoura, tendo o prazo de pagamento de 8 anos com até 3 anos de carência.

A evolução da citricultura paranaense tem na pesquisa agronômica seu principal aliado. Desde 1979 o Iapar vem desenvolvendo conhecimento técnico científico, primeiro com pesquisa de cultivares mais tolerantes ao cancro cítrico. ?Estamos agora trabalhando a entrada de novas cultivares de laranja e tangerina, porta-enxertos para produção em épocas diferenciadas e para melhoria da qualidade do fruto. Além do mais, iniciamos estudos com a participação de entidades parceiras, na produção integrada de citrus, estabelecendo protocolos de conformidade, para que o manejo do pomar seja realizado de forma ambientalmente correta, socialmente justa e com boas práticas agrícolas?, assegura Neusa Maria Colauto Stenzel, líder da equipe de cinco pesquisadores do programa no Iapar.

Ainda novato na atividade, o produtor rural familiar Waldir Ferreira da Silva, 54 anos, do Sítio do Ipê, localizado no Bairro Jerusalém, em Cornélio Procópio e cultivando laranja em 9,7 dos 43,6 hectares da sua propriedade desde 2002, está confiante na decisão de ter optado pela citricultura de mesa. Ele plantou mil pés de Navelina e dois mil de Folha Murcha, sendo que esta entra na colheita da primeira safra em novembro com expectativa de mil caixas de 25 quilos.

?Participar de um encontro deste nível é importante, desperta muito interesse, tanto que atraiu mais gente do que o esperado. O problema maior é o aprendizado tecnológico, porque não dá para errar. O bom da citricultura é o comércio fácil?, conclui Waldir. (AEN)