Citigroup e fundos de pensão assumem controle da Brasil Telecom

Brasília (AE) – A diretoria da Brasil Telecom (BrT), indicada pelo grupo Opportunity, de Daniel Dantas, foi destituída hoje (30) do comando da empresa, inclusive a presidente da operadora, Carla Cicco. A destituição de Dantas ocorre depois de seis meses de disputas e tentativas do grupo Opportunity de impedir a realização da assembléia que deu novo formato ao comando da BrT. A direção da companhia está agora nas mãos do Citigroup e dos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (CEF) (Funcef). O novo conselho administrativo, aprovado em assembléia dos acionistas, escolheu os novos diretores e o presidente eleito é Ricardo Knoepfelmacher.

Com Daniel Dantas fora da disputa, a próxima queda-de-braço envolvendo os acionistas da operadora será em torno da venda da participação do Citigroup e fundos. O comprador natural é a Telecom Itália, que também é sócia na empresa, mas as negociações em curso nas últimas semanas não avançaram por divergências entre a empresa italiana e os fundos. As negociações correm em sigilo e sofreram um revés, semana passada, quando circulou a informação de que os fundos teriam oferecido resistência à proposta da Telecom Itália de comprar somente 30% da participação à vista e o restante para ser adquirido pela empresa no prazo de cinco anos.

O novo presidente do conselho de administração da operadora, Sérgio Spinelli, acena com tempos menos turbulentos no relacionamento entre os sócios. "Daqui para frente a relação será muito boa". Hoje, por exemplo, representantes da Telecom Itália participaram da escolha do novo conselho, numa clara demonstração de entendimento prévio entre os sócios. Ele disse que o poder de decisão não ficará centralizado no Citigroup e "passará pela pluralidade". Para Spinelli, é natural que agora, na nova composição do conselho da empresa e com "a devida tranqüilidade, as partes se aproximem, conversem e venham a ter um entendimento".

O executivo negou que, no momento, haja alguma negociação em curso para vender a participação do Citi e dos fundos para a Telecom Itália. "O objetivo dos fundos de pensão e do Citigroup é de poder alienar a companhia pela melhor oferta, no momento adequado", afirmou. Knoepfelmacher acrescentou que, independentemente de futuras negociações para venda da empresa, a intenção da nova diretoria é transformar a Brasil Telecom na maior companhia de telecomunicações. "Se vão vender, e quando, é absolutamente irrelevante para a administração e para os executivos", afirmou.

Os presidentes da Petros, Wagner Pinheiro, e da Funcef, Guilherme Lacerda, também garantiram que o objetivo das entidades e do Citigroup é vender, no prazo mais curto possível e em conjunto, suas participações na empresa. Pinheiro disse que a Telecom Itália é o parceiro natural dos fundos e do Citigroup, inclusive no que diz respeito a uma futura alienação. "Nós estamos alinhados com eles e é natural que o grupo, na condição de acionista, tenha interesse em adquirir a empresa", observou.

Assim como Spnelli , Pinheiro garantiu que os fundos de pensão nunca cogitaram a venda da BrT para a Telemar, outra empresa de telefonia fixa com presença em 16 Estados, inclusive Rio de Janeiro e Amazonas. "Nós nunca levamos essa possibilidade em consideração. Primeiro, porque a legislação não permite e depois porque nunca fomos consultados sobre isso", ponderou. A Lei Geral de Telecomunicações impede a fusão de concessionárias.

O presidente da Funcef disse que o fim da disputa societária com o Opportunity beneficiará todo o mercado. Segundo Lacerda, o "imbróglio" na administração da BrT era emblemático e trazia insegurança aos investidores. "A disputa societária foi muito ruim porque criou um clima de dúvidas e inibiu investimentos. A Brasil Telecom é uma referência nacional e não podia mais permanecer no centro desse embate", ponderou.

Apesar dos inúmeros embates travados com o Opportunity, a nova diretoria diz que não pretende perseguir os antigos diretores. "Não temos sanha persecutória. Não queremos buscar culpados. Faremos uma administração com ética e transparência, mas qualquer irregularidade será apurada", afirmou Knoepfelmacher. A diretoria eleita vai estudar a eventual possibilidade de realizar uma auditoria nos atos da gestão passada. A suspeita a que se refere o novo dirigente está relacionada à denuncia de que a ex-presidente da BrT teria contrado a empresa Kroll para espionar a Telecom Itália e integrantes do governo.

A avaliação dos executivos é de que a Brasil Telecom, operacionalmente, está muito bem e que não haverá prejuízo para o consumidor. "Nosso objetivo maior é garantir a qualidade dos serviços e o curso dos negócios." A Brasil Telecom, que opera nas regiões Sul, Centro-Oeste e parte da Norte, tem 10 milhões de clientes do serviço de telefonia fixa.

A operação da telefonia celular e o incremento da banda larga são questões estratégicas da nova administração, que considera esses dois pontos como os motores de crescimento da empresa, uma vez que as concessionárias de telefonia fixa vêm perdendo mercado nas ligações convencionais.

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