Os principais nomes citados pelo relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), em seu documento final, reagiram com indignação ao pedido de indiciamento. Certo de que estaria fora do relatório, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) atribuiu a critérios "claramente políticos" a inclusão do seu nome. Já o Chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos do governo federal, Luiz Gushiken classificou o texto de "um julgamento inteiramente injusto, despropositado e sem fundamentação jurídica".

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Os dois divulgaram notas logo depois que Serraglio leu os pedidos de indiciamento. De Gushiken, por tráfico de influência e corrupção ativa. De Azeredo, por crime eleitoral. "Indignação, porque o critério utilizado para a citação de meu nome foi claramente político. Não fosse isso, o relatório teria pedido, pelo mesmo ‘crime eleitoral’, o indiciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outras lideranças, cujas campanhas foram pagas, inclusive, com depósitos em contas no exterior ou dinheiro vindo de outros países", diz a nota do senador.

Já Gushiken divulgou uma nota e um texto de 51 páginas, com anexo, desenhados sob a forma de um boletim chamado "Fatos e Verdades", para dar suas explicações. Na nota, o secretário diz que o relatório serve para "perseguir em vez de investigar" e que considera "inaceitáveis" os termos que o condenam no texto. "Lamento que o relator tenha capitulado à lógica do espetáculo, sem olhar para os fatos, o que compromete todo o esforço da CPMI de aperfeiçoamento das estruturas políticas e da vida pública", diz o boletim.

José Luís Oliveira Lima, advogado do ex-deputado José Dirceu (PT-SP) – cassado em função das denúncias de envolvimento no mensalão – disse, em nome do seu cliente, que o relatório se trata de uma peça fictícia. "Não posso comentar ponto a ponto porque ainda não tive acesso ao relatório. Mas conheço os fatos e o processo e não tenho dúvida de que é um fruto da mente criativa do relator", disse o advogado.

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Procurado pela Agência Estado, o advogado de Delúbio Soares, Arnaldo Malheiros Filho, não retornou as ligações. O advogado Tales Castelo Branco, que representa o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, também não respondeu as ligações. A Agência Estado procurou ainda a assessoria do grupo Pão de Açúcar, onde Cássio Casseb – ex-presidente do Banco do Brasil – é agora diretor-presidente, mas não obteve resposta. O ex-presidente do PT, José Genoino, foi procurado em sua casa, em São Paulo, mas não foi encontrado.