Quando o laudo médico aponta a causa da morte como sendo por cirrose hepática, a primeira impressão que vem à cabeça é de que a pessoa portadora da doença era um alcoólatra inveterado. Ledo engano. Segundo o professor titular de cirurgia do aparelho digestivo e chefe do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Julio Coelho, a incidência de cirrose provocada por alcoolismo perde para os casos da doença provocados por hepatites.
“A cirrose é uma doença sempre crônica do fígado, em que as células normais sofrem uma lesão e são substituídas por fibroses”, explica o médico. Além das hepatites B e C, e do alcoolismo, algumas doenças congênitas, mais raras, podem desencadeá-la. No Brasil, não existem estimativas que apontem corretamente os números de morte em virtude da doença. “No entanto, as hepatites já causam graves preocupações à saúde pública”, reconhece Coelho, acrescentando que a doença não dispõe de nenhuma profilaxia e só pode ser evitada pelo uso de vacina.A cirrose é irreversível
A cirrose hepática tem duas fases, a primeira, quase sem sintomas, pode se estender por vários anos. Alguns desses sintomas podem ser controlados, evitando-se, com isso, que ela progrida. É o caso, segundo Coelho, das hepatites que podem ser controladas em mais de 50% dos casos. Em um segundo momento, quando começam a surgir sinais claros da doença, é sinal de que ela se encontra numa fase bem avançada. “Nesta fase ela se torna irreversível e os tratamentos têm o único objetivo de atrasar a sua evolução”, avisa o especialista. Nos casos mais críticos, a única solução é o transplante hepático.
As cirroses hepáticas, ocasionadas pelo uso indiscriminado de bebidas alcoólicas, vêm atingindo homens e mulheres, quase na mesma proporção. A única prevenção possível é evitar um consumo excessivo de álcool. Quando ocasionadas por hepatite C, como ainda não há vacina, a única forma de prevenção é evitar comportamentos de risco que possibilitem o contágio através de sangue contaminado. Muitas vezes o indivíduo nem sabe como foi infectado pela doença. Antigamente, a doença incidia mais nas pessoas que se submetiam a transfusões de sangue, devido a falta de higiene e de materiais descartáveis, hoje é mais comum acontecer entre dependentes de drogas injetáveis, confirma o médico.
Por ser o órgão que centraliza todo o metabolismo do organismo, qualquer doença que acometa o fígado reflete em diversos outros órgãos do corpo. Assim, as cirroses ou outras doenças hepáticas, de acordo com Coelho, podem provocar desde câncer, a outros distúrbios hormonais, entre eles, o crescimento da mama e a impotência nos homens e dificuldades de menstruação nas mulheres.
Os sinais e sintomas da cirrose podem ser vários, mas geralmente incluem:
Perda do apetite.
Náuseas.
Vômitos.
Indigestão.
Perda de peso.
Constipação.
Dor abdominal.
Fadiga.
Os médicos reconhecem os seguintes sinais de cirrose:
Fígado aumentado.
Olhos e pele amarelados e urina escura.
Sangramento do trato gastrointestinal.
Coceira.
Perda de cabelo.
Inchaço nas pernas.
Aumento do volume da barriga.
Tendência para formar hematomas com facilidade.
Confusão mental.