O candidato derrotado a presidente Ciro Gomes (PPS) reúne-se amanhã com a cúpula de seu partido para decidir sobre seu apoio ao presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem à noite, Lula e o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), telefonaram para Ciro para começar as articulações para o segundo turno. Na conversa, ele teria mostrado disposição de apoiar Lula, mas para isso terá de enfrentar um problema regional: seu padrinho político e aliado, o ex-governador tucano Tasso Jereissati, já iniciou conversas com o PSDB para apoiar José Serra.
“O fato de o Ciro apoiar o Lula não garante que ele vai conseguir transferir seus votos para o petista”, afirmou hoje o senador eleito Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que conversou por telefone com Tasso. O ex-governador apostou na candidatura de Ciro à Presidência, não se envolvendo na campanha do presidenciável de seu partido. Acabou se afastando da cúpula do PSDB, que agora tenta reaproximar-se. “Mas isso é que nem namoro: tem de ir aos poucos”, disse Azeredo.
Ciro pretendia formalizar o apoio a Lula hoje à tarde. Mas decidiu antes ouvir o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). A reunião de amanhã em Fortaleza definirá o rumo do partido. A idéia é apoiar nacionalmente a candidatura de Lula, mas deixar o partido livre nos Estados onde há dificuldades para concretizar esse apoio. Além de Ciro e Freire, participam do encontro o líder do PPS na Câmara, João Herrmann (SP), e o secretário-geral do partido, Francisco Inácio Almeida.
Racha
O segundo turno para a Presidência vai rachar a Frente Trabalhista, que inclui, além do PPS, o PDT e o PTB. A tendência no PTB é apoiar Serra e o PDT já avisou que fará campanha para o petista. “Agora todo mundo vai na campanha do Lula com alegria”, afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Ele conversou hoje com o presidente do PDT, Leonel Brizola, para acertar o apoio ao PT. No fim do primeiro turno, Brizola chegou a defender a renúncia de Ciro para tentar garantir a eleição imediata de Lula.
O eventual apoio de Ciro a Lula terá reflexos fortes sobre a sucessão no Ceará. Tasso não conseguiu eleger em primeiro turno o seu candidato ao governo, senador Lúcio Alcântara (PSDB), que disputará a nova etapa contra o petista José Airton Cirilo. A disputa no Ceará foi acirrada: Alcântara teve 49,8% dos votos válidos e Cirilo, 28,3%. Se Ciro optar por apoiar publicamente Lula e fazer campanha para ele, o grupo liderado por Tasso ficará, pela primeira vez, dividido.
Tasso e seus aliados vão apoiar Serra e se empenhar na eleição de Alcântara. No entanto, ele terá dificuldades de montar palanque para o presidenciável tucano, que enfrenta grande rejeição no Estado. Ciro, por sua vez, fará campanha para Lula, mas terá problemas de palanque no Ceará, por causa de sua ligação com Tasso.