O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, garantiu hoje que em 60 dias irá apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva propostas concretas para o desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia. Ele adiantou que será preciso modificar os atuais mecanismos de incentivo às regiões. “Do jeito que eles estão financiados, não saem do papel”, disse Ciro, antes de um encontro com o economista Celso Furtado, um dos idealizadores da Sudene, criada em maio de 1959.
A reunião, no apartamento no economista, foi solicitada pelo ministro para discutir propostas de crescimento específicas para estas regiões. O encontro, que ocorreu a portas fechadas, teve como objetivo debater a reativação da Sudene, uma das promessas de campanha de Lula. Entretanto, Ciro deixou claro que se for recriado, o novo órgão seguirá uma linha de atuação totalmente diferente da antiga Sudene, que, segundo ele, foi um foco de corrupção.
“Isso escandalizou o País e, a pretexto de consertar a corrupção, se destruiu um lugar onde se fazia planejamentos”, afirmou. O novo ministro quer agora um órgão em que seja possível desenvolver estas regiões e que ao mesmo tempo fique blindado contra fraudes. Ele acrescentou que nenhuma idéia será imposta. Tudo será discutido com representantes do Norte e Nordeste.
Ciro lembrou o empenho do novo governo na campanha contra a fome e acrescentou que estas regiões, além dos bairros pobres dos grandes centros urbanos, precisam de atenção especial por concentrarem bolsões de miséria. “O que nós queremos é deflagrar uma grande discussão para que não haja soluções tecnocratas”, afirmou. E justificou sua visita a Furtado dizendo que tem “iniciado com o professor um processo de consultas para criar no governo ferramentas institucionais eficazes que resgatem o planejamento regional e os mecanismos de integração destas regiões da economia brasileira”.
O ministro revelou que o governo ainda não decidiu se irá recriar a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), mas deixou claro que o órgão que a substituiu, a Área de Desenvolvimento da Amazônia (Ada) avançou mais em questões institucionais e obteve um sucesso maior do que a Área de Desenvolvimento do Nordeste (Adene), que substituiu a Sudene.