A maioria dos presentes nesta sexta-feira (25), em Fortaleza, no Encontro dos Governadores do Nordeste condenou o prejulgamento que está sendo feito por conta da Operação Navalha. O deputado federal (PSB-CE) Ciro Gomes, que participou do evento como convidado, partiu em defesa do ex-ministro Silas Rondeau: "Tenho convicção – posso estar enganado – de que o ministro Silas Rondeau é inocente. Acabamos de ver o trucidamento moral de um homem decente".
Ciro Gomes disse ainda ser contra a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. "Eu sou avesso a isso. Não assino nem essa e nenhuma CPI. Sou contra". De acordo com ele, o que está em jogo é muito mais um "espetáculo" do que um exercício correto das instituições. "Por média, elas (CPIs) viraram muito mais palco de exibicionismo policialesco, onde muitos direitos fundamentais da pessoa humana foram molestados com esse espetáculo macabro de transmissão ao vivo". Segundo ele, reputações estão sendo destruídas sem as a obediência das premissas do estado de direito democrático.
Ciro também jogou para a imprensa parte da culpa pelos excessos cometidos na divulgação do caso. "Os excessos são derivados muito mais do descuido que uma certa parte da imprensa brasileira trata desses assuntos do que de uma imponderável leniência de autoridades. Ninguém pode dizer que foi um político que foi um juiz ou que foi um homem do Ministério Público. Não posso culpar a Polícia Federal que tem tido um comportamento exemplar no Brasil. Porém, posso dizer com segurança que a imprensa brasileira, nem toda ela mas parte dela, é dramaticamente leviana", afirmou.
O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), defendeu a preservação dos direitos individuais e condenou a execração pública. Disse não conhecer Zuleido Veras, dono da Gautama, e assegurou que a Paraíba não tem nenhum contrato com essa empresa. Mas, em seguida, ponderou: "Não posso responder pela conduta de todos os habitantes, de todos os servidores do governo. Sei como me comporto".
"Nós vivemos um momento grave no País. Mas, na democracia não cabe execração pública, prejulgamento e nem tão pouco impunidade", afirmou Cunha Lima. De acordo com ele, este é um momento em que devemos ter muita serenidade para não estimular a formação de um Estado policialesco. "Mas sem que isso possa significar qualquer tipo de tentativa de encobrir eventuais falhas", emendou.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que a Operação Navalha deve contar com "total apoio". Mas criticou: "Há casos que não estão sendo investigados, que não há nenhum processo e que, de repente, são colocados como criminosos". Dias condenou a quebra de sigilo com relação ao caso que deveria correr em segredo de Justiça. E lamentou o prejuízo que seu Estado terá com mais um atraso no Programa Luz a Para Todos, cujo contrato firmado com a Gautama é apontado como irregular. "Se for comprovada a irregularidade, o contrato deve ser suspenso e feita uma nova licitação", defendeu.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), negou qualquer tipo de envolvimento no escândalo. "Apesar de ela (Gautama) ter origem na Bahia, ela faturou no nos tempos em que o governo da Bahia era do PFL (hoje, DEM). "Pedi ao Ministério Público do Estado para avaliar as obras realizadas no Estado, pelo menos nos últimos cinco anos, por essa empresa", informou. "Acho que esse é o drama maior da corrupção. Você até prende, desmonta o esquema. Mas o que é fundamental para o povo, e nós todos, é que o dinheiro voltasse para os cofres públicos", afirmou.