O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, classificou hoje as denúncias de corrupção como uma vingança das oposições, irritadas com o fato de o PT, no passado ter atribuído a si próprio o "monopólio da ética". Ciro lembrou: "Quem não fosse petista parecia ser um cabra leproso moralmente. Uma palavra horrorosa, mas para dar idéia da desqualificação moral que se fazia." Os adversários do partido, afirmou, estão interessados em imobilizar o governo: "Vejo a oposição radicalizar, querendo deixar o presidente tetraplégico no Palácio." De acordo com o ministro da Integração Nacional, esse fato não diminui a responsabilidade do poder público de investigar as denúncias e punir os envolvidos.
Não é possível, segundo Ciro, compor um "governo de anjos", daí a necessidade dos controles institucionais. Ele, porém, não convalidou a tese de setores da administração federal de que a crise política traz, no fundo, uma tentativa de golpe de Estado.
"A crise política aborrece e traz dissabores, mas o Brasil sairá melhor dessa crise do que quando entrou nela", afirmou. "O presidente Lula está comandando. Se culpas houver, pagarão os que tiverem de pagar na justa proporção e seja quem for, amigo, aliado, adversário, meio-amigo, meio-adversário", completou.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, afirmou que a atual fase política é "passageira". Mantega insistiu que as acusações de corrupção não afetarão as decisões empresariais de investimentos no País e que a atividade econômica crescerá no segundo semestre. "A solidez da economia chegou ao ponto de o mercado ignorar a demissão de um ministro", afirmou, referindo-se ao deputado José Dirceu (PT-SP). "A taxa de risco país está caindo, o que significa que há uma clara percepção de que a economia não depende da política e segue seu próprio curso que é o correto e o eficiente", destacou.
O presidente do BNDES acentuou que os fatos de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter ordenado a apuração rigorosa das denúncias e de as instituições democráticas e os fundamentos macroeconômicos exibirem solidez asseguram a continuidade da agenda econômica, tanto do Poder Executivo como dos setores privados, sem mudanças nos rumos. Mantega argumentou ainda que, em junho, o BNDES registrou a liberação recorde de R$ 5 bilhões em créditos ao setor produtivo, o que significou um aumento de 21% em relação a igual mês de 2004.
"Enfrentamos o problema da vulnerabilidade da economia brasileira sem malabarismos e com eficiência", afirmou. "Garanto que, no segundo semestre, a economia vai se aquecer e os problemas com a inflação estarão sob controle. Quem não perceber isso vai perder o bonde", arrematou.