O candidato Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, defendeu hoje o fortalecimento do Mercosul e acusou o adversário tucano José Serra de servir aos interesses americanos ao condenar o bloco econômico. Ontem, Serra afirmou que o Mercosul não deu certo e que, se eleito, frearia o processo de integração regional.
– Esse é um erro estratégico mortal de quem está fazendo o jogo das potências do norte. Quem se põe contra a restauração do Mercosul tem de tirar a máscara e dizer o que de fato está fazendo: prestando um serviço a esse esforço de desagregação da America Latina que é feito pelas potências do norte – disse Ciro hoje, depois de um encontro na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entidade que defende o Mercosul e rejeita a adesão do Brasil à Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Ciro lembrou que o Mercosul foi formado para dar ao país mais força e poder de barganha nas negociações multilaterais, especialmente para responder a pressões americanas pela formação da Alca. Segundo o candidato, os EUA tentam minar essas condições do bloco ao oferecer, por exemplo, vantagens ao Chile.
– Os americanos manipularam o câmbio na Argentina até destruir aquele grande país e levá-lo à ingovernabilidade. E hoje fazem o mesmo com o Brasil – disse Ciro.
Ciro afirmou que estará no segundo turno das eleições. E fez pouco caso do crescimento do concorrente Anthony Garotinho, do PSB, com quem está em empate técnico:
– Não bato em criança…
Ciro preferiu não comentar os problemas pelo qual passa sua campanha, como os desentendimentos com um de seus colaboradores, o filósofo Mangabeira Unger, que estaria se antecipando às urnas e pregando a renúncia de Ciro e Garotinho em favor do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
– Não tenho de dar importância nenhuma a boatos. Já não se aquietam em tentar destruir aquilo que é a maior ameaça aos planos de continuidade desse modelo que produziu 12 milhões de desempregados, mais violência e mais epidemias. Passam agora a tumultuar, o que a gente enfrenta com tranqüilidade.
O presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE), acusado de traidor pelo secretário-geral do PTB em São Paulo, deputado Campos Machado, disse não ter sentido a provocação. Machado defendeu a saída de Freire da campanha.
– Ele é um debilóide – afirmou o senador.
Hoje, Ciro chegou a Brasília de manhã e saiu do aeroporto em carreata que, segundo os organizadores, reuniu 300 veículos. Seguiu para a CNBB, onde recebeu do presidente da entidade, dom Jayme Chemello, os documentos ?A exigência para a superação da fome e da miséria?e ?O compromisso com a ética na política?.
Ele também esteve com o vice-presidente da Associação Nacional de dirigentes do Ensino Superior (Andifes), Paulo Speller. Speller disse que os cortes no Orçamento determinados pela área econômica afetaram muito as universidades públicas.
Antes de deixar a cidade, Ciro fez uma mudança na agenda e visitou o Memorial JK, dedicado ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, a pedido da mulher , a atriz Patrícia Pillar, que o acompanhava. Lá, deu autógrafos a crianças. Em seguida, visitou o arcebispo de Brasília, dom José Freire Falcão.