Quem realmente importa no mundo financeiro está interessado na manutenção da estabilidade da economia brasileira. A crise política derivada das denúncias de corrupção nos meios públicos, com a troca ilimitada de mútuas acusações e desmentidos – quando não temperadas por cabotina falta de memória – não chega a preocupar os megaoperadores do mercado.

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Decerto para os agentes do translúcido mundo da alta finança, que não obstante movem montanhas de dinheiro virtual da noite para o dia, pouca ou nenhuma novidade há no recorrente engalfinhar de forças políticas nos países do Terceiro Mundo, em busca de um naco maior de poder ou da ratificação do direito hereditário apropriado pela oligarquia.

A impressão é clara ao lermos as declarações do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, que não vê razões para o transbordamento da crise na direção da economia, cujos fundamentos e instituições nunca estiveram tão fortes. Contudo, advertiu que as coisas podem mudar de um momento para outro num cenário suscetível a inesperadas transformações.

Stiglitz está no contrapé das declarações ufanistas do presidente Lula, do ministro Antônio Palocci e demais subscritores do imenso laudatório que sucedeu a resposta do titular da Fazenda, à suspeita formulada por Rogério Tadeu Buratti sobre o pagamento de propina mensal de R$ 50 mil ao então prefeito de Ribeirão Preto.

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Assim, não se pode atribuir, sob pena de colher amarga frustração, qualquer sentido de inerrância às palavras de Palocci, ao afirmar que nada muda na economia, com ele ou sem ele. Como todos sabem, o mercado se rege por critérios absolutamente imponderáveis.

O economista relembrou a crise de confiança vivida pelo Brasil em 2002, quando o mercado teve a percepção de possível mudança na política econômica e, de pronto, reagiu com maciça fuga de capitais. Foi preciso optar pela ortodoxia e altas taxas de juros para frear a debandada do capital externo, e facilitar o retorno do montante repatriado.

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Com nuvens de incerteza se avolumando sobre a economia mundial, Stiglitz não descarta uma súbita transformação para pior. O círculo vicioso dos juros altos para combater a inflação, assinala o prêmio Nobel e, em resultado, a necessidade de captar novos empréstimos, poderá colocar o País em perigosa encruzilhada.