Cientistas identificam defeito genético que elimina a dor

Pesquisadores identificaram uma alteração genética que torna algumas pessoas incapazes de sentir dor física, mas que são perfeitamente normais em todos os outros aspectos. Na edição desta semana da revista científica Nature, os cientistas que encontraram o gene descrevem seis crianças que nunca sentiram dor na vida, por conta do distúrbio raro. São de três famílias, originárias do norte do Paquistão.

Conhecimento sobre o defeito e seus impactos poderá ajudar os cientistas a desenvolver analgésicos melhores, dizem os responsáveis pela pesquisa. A experiência das crianças exemplifica como a dor é um aviso importante em caso de ferimentos, doenças ou perigo, que leva as pessoas a se preservar contra novos danos. A vida sem esse sinal, mostra o estudo, é perigosa.

Como as crianças não sentem dor ao morder o próprio corpo, por exemplo, todas tinham ferimentos nos lábios. Algumas chegaram a precisar de cirurgia plástica. Duas perderam parte da língua. A maioria havia sofrido fraturas ou infecções ósseas que só foram descobertas muito tarde. Algumas também haviam se queimado com líquidos ventes ou vapor, ou se sentado sobre radiadores quentes conta o geneticista C. Geoffrey Woods, um dos autores do estudo.

Woods havia sido convidado a examinar outro paciente, um garoto que tirava vantagem de sua condição como artista de rua, furando os braços com facas e caminhando sobre brasas. Mas o garoto morreu antes que o cientista o conhecesse: ele saltou do teto de uma casa ao completar 14 anos. Exames detalhados das seis crianças mostraram que seus sistemas nervosos eram normais. Elas eram capazes de sentir toque, frio, calor, cócegas e pressão, por exemplo. Amostras de DNA das crianças e dos pais foram usadas para rastrear o defeito genético, que sabota a função de uma proteína que atua na sinalização da dor.

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