Cientistas debatem em Curitiba estratégias para conter a gripe aviária

Cientistas de diversos países estão participando neste domingo (19), em Curitiba, de uma reunião para discutir estratégias mundiais de prevenção e de ação diante do risco de uma pandemia [epidemia em escala global] da gripe aviária (também conhecida como gripe de frango). Essa é a principal reunião que antecede a 8ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), que começa nesta segunda-feira (20) e termina no dia 31.

"É uma reunião prévia de grande importância. A última pandemia foi a gripe espanhola, em 1918, que matou 30 milhões de pessoas", declarou o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marcus Barros, que é também infectologista e acompanha a reunião como observador.

Barros contou que o Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres (Cemave), um centro especializado do Ibama, está trabalhado no monitoramento de movimentos migratórios de pássaros que possam trazer a gripe aviária para o Brasil. Ele afirmou ainda que essas migrações se intensificam em setembro.

"Corremos todos para olhar o processo migratório das aves como principal causador da propagação da gripe aviária pelo mundo. Mas nesta reunião já ficou claro que isso é um erro", comentou o presidente do Ibama. "Um dos cientistas perguntou como o processo migratório das aves pode explicar a gripe aviária na Nigéria, que fica no oeste da África? Não existe processo migratório da Turquia e do Egito [países onde a doença chegou antes] para a Nigéria", explicou.

Nas apresentações dos especialistas, ficou claro que o transporte de aves em aviões ? tanto o comércio legalizado quanto o ilegal ? são um grande fator de risco, talvez o maior, para a pandemia.

O gerente de Controle Sanitário em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Rodolfo Nunes, fez uma apresentação sobre o que o Brasil tem feito para evitar que entrem no território nacional pássaros ou pessoas contaminados pelo H5N1 (tipo de vírus causador da gripe aviária).

"A gente tem alertado especialmente os viajantes brasileiros que vão para áreas de risco, como Europa, partes da África e da Ásia, dando-lhes material informativo sobre os cuidados que devem tomar para não se exporem à doença", disse Nunes.

O gerente da Anvisa disse que desde dezembro de 2003 o Ministério da Saúde coordena um comitê técnico de preparação de um plano de contingência. "Hoje o plano já está na sua terceira versão. Estudamos os planos da Inglaterra, do Canadá, de Singapura, da Itália e do Uruguai", contou. "Hoje o mundo inteiro está em situação de alerta, porque a doença já passa de aves para humanos, embora o vírus não se adapte bem em pessoas. Se ele sofrer mutação e começar a ser transmitido de seres-humanos para seres-humanos, entraremos na situação de emergência máxima".

Amanhã, já durante a COP8, os cientistas devem apresentar algumas recomendações resultantes desta reunião. Uma delas deve ser a de que todos os 188 países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) formem comitês nacionais para a trocas de informação sobre a doença.

Atualmente, a notificação dos casos à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Organização Internacional de Epizootias (OIE, uma organização internacional de saúde animal) já são obrigatórios.

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