Cientista lamenta posição do Brasil na participação feminina na política

O Brasil não tem motivos para ocupar a 107 ª posição no ranking de participação de mulheres na política, conforme mostrou uma pesquisa da União Interparlamentar, uma organização que coopera com as Câmaras Nacionais de mais de 140 países. A avaliação é da cientista política da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maria Celina Araújo, em entrevista ao programa Notícias da Manhã , da Rádio Nacional.

Segundo a professora, no Brasil "O quadro do momento é lamentável. A gente fica junto com o Haiti, que é um país maravilhoso, mas com problemas imensos que justificam uma taxa de crescimento baixo e de exclusão das mulheres. A gente aqui não tem razão para ter isso e, no entanto, tem". Ela faz um paralelo com outras nações, observando que mais da metade dos países da África a participação feminina na política é superior como também ocorre em todos os países das Américas. Pior que a gente, somente Haiti e Belize, por várias razões e uma certamente é a educação", explicou.

Outra razão destacada por ela é a falta de políticas de ação afirmativa que dêem incentivos para que mulheres – e também os negros – tenham mais oportunidades. "O Brasil é um país patriarcal embora comece a mudar", afirmou Maria Celina, acrescentando que a educação poderia ser no futuro um diferencial importante na mudança desse quadro. "Se observarmos que dos adolescentes que estão na escola, mais da metade são mulheres, isso vai ter um impacto profundo na vida do país porque as mulheres, em 15 ou 20 anos, serão mais educadas do que os homens e, certamente, vão ter uma participação muito maior".

A cientista acredita que o número de mulheres na política vai aumentar e que o sistema de cotas, que determina a destinação de 25% das vagas dos partidos às mulheres, vai reduzir esta diferença. "Ela (mulher) participará na medida em que as condições sejam tão favoráveis como para os homens. Por enquanto as barreiras foram muito grandes para que fosse candidata e ser levada a sério. Essas coisas estão mudando e ela (mulher) está chegando ao mercado mais preparada. O tempo vai exigir das mulheres mais participação", completou.

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