Os fabricantes de tecidos e roupas, segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação entre os exercícios de 2006 e 2007, aumentaram em 32% as encomendas de máquinas e equipamentos manufaturados por fornecedores nacionais. A informação tem um significado especial, tendo em vista que ambos os setores, entre outros, sofreram no período citado uma acentuada perda de competitividade nas exportações, mas conseguiram compensá-la confiando no potencial do mercado interno.
Os bons augúrios sopraram também na direção dos setores de autopeças, brinquedos, embalagens, calçados e móveis, também estimulados no ano passado a adquirir mais equipamentos industriais produzidos no Brasil e mesmo no exterior, com a finalidade de atender o fluxo dos pedidos internos. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) não apenas confirmou o desempenho apontado pelo IBGE, como também acredita na manutenção da tendência favorável para o crescimento da produção de bens de capital em 2008.
A indústria automobilística comprou mais 13% de máquinas e equipamentos em 2007, ano em que todos os recordes de montagem de veículos automotivos foram quebrados. O relatório do órgão de pesquisas estatísticas do governo brasileiro revelou, ainda, que também houve expansão na produção de equipamentos para a indústria da construção civil (19%), geração de energia elétrica (26%) e uso geral na indústria (17%). A vanguarda da demanda por máquinas e equipamentos, entretanto, foi ocupada pelo setor agrícola que expandiu as compras de bens de capital em expressivos 48%.
Segundo a Abimaq, as encomendas provenientes do setor prosseguem em ritmo acelerado no presente exercício, confirmando não apenas a perspectiva da colheita de uma safra recorde, que no embalo da subida das cotações de commodities agrícolas no mercado internacional, tem tudo para se repetir nos próximos anos. Há, por outro lado, uma expectativa bastante confiável no crescimento da demanda por máquinas e equipamentos industriais destinados ao setor de energia, abrangendo a produção de álcool e a implantação de novas usinas hidrelétricas em várias regiões. Fontes da indústria específica anunciaram que no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 30% no faturamento.
Ainda de acordo com a entidade corporativa do setor, no acumulado de 12 meses calculado até o último mês de março, a produção física da indústria de bens de capital acusou uma elevação de 20%, percentual bem mais otimista que o desempenho do setor industrial como um todo, que ficou em 6,6%. O mercado local respondeu por 74% das vendas no primeiro trimestre, superando os 61% registrados em 2006.
Diante da estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 4,5%, os analistas de mercado consideram deveras otimista o desempenho futuro do setor industrial, que no ano passado precisou de 4,9 meses, em média, para entregar ao comprador os bens adquiridos. Nem a alta dos juros deverá servir de empecilho à expansão do investimento por parte da indústria de transformação, fator que robustece a confiança dos produtores de bens de capital. A demanda continua emitindo sinais positivos, contagiando os setores que devem se organizar para suprir as encomendas.
Toda a expansão econômica é bem-vinda nos setores que para garantir o aumento da produção, necessariamente precisam contratar novos trabalhadores. Isto representa mais empregos, renda e melhoria da qualidade de vida para milhares de cidadãos ainda não absorvidos pelo mercado formal de trabalho. Depois de muitos anos de estagnação da economia brasileira, a forte demanda mundial e o aquecimento do mercado interno deram notável respaldo ao atual ciclo virtuoso, que todos anseiam ser distributivo e duradouro.
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