Cianorte quer a glória antes do desmanche

Um time sem torcida e perspectiva embarcou hoje à tarde do Noroeste do Paraná
com o objetivo de, pela segunda vez na Copa do Brasil, surpreender o temível
Corinthians. O modesto Cianorte que quarta-feira entra em campo, no Pacaembu, às
20h30, tem atletas que dificilmente se encontrarão novamente caso a equipe seja
eliminada. Almejam um clube maior e esperam apenas o fim do contrato para sair.
Antes do desmanche, porém, apostam na ampla vantagem sobre o adversário e em
mais uma noite inspirada, como a de 9 de março, na qual aplicaram 3 a 0 na
equipe paulista. "Naquele dia tudo deu certo, quem sabe não repetiremos outra
atuação de gala", espera o atacante Márcio, autor de dois gols na partida de
ida.

Fora do Campeonato Paranaense, resta ao grupo apenas a disputa da
Copa do Brasil no primeiro semestre. Valorizados, os jogadores pensam em
utilizar o confronto no Pacaembu como vitrine. O atacante Valdiran, pretendido
pelo Paraná, o lateral-direito Daniel, que sonha em jogar um dia no Corinthians
e retornará ao Ituano (é emprestado), além do volante Kuka, o atacante Márcio e
o goleiro Adir, com propostas no País e no exterior, devem ser os primeiros a
partir. "Somos 25 e o contrato de quase todo mundo vence agora no meio do ano.
Acho muito difícil manter o pessoal, pelo menos 50% vai embora", calcula o
zagueiro João Renato, de 23 anos.

O jogador acredita que um batalhão de
empresários estará a espera deles, assediando-os com propostas bem mais
tentadoras que os salários atuais – o teto mensal do Cianorte é de R$ 4 mil e a
média salarial mal chega à metade deste valor. "Time pequeno é assim mesmo, joga
bem e logo é desmontado", analisa João Renato. "Hoje em dia, não dá para pensar
só em amor à camisa, tem de pensar em dinheiro também."

A impressão que
se tem é a de que o Cianorte vai ficar sem ninguém para a disputa da Série C do
Campeonato Brasileiro. Até mesmo o treinador Caio Júnior, contratado em novembro
de 2003 para montar a equipe, sonha com um lugar de maior projeção. "Esse jogo
com o Corinthians vai ser essencial para mim, você nem imagina", disse ao
repórter da Agência Estado, em Cianorte-PR, um dia antes de a delegação embarcar
para São Paulo. Passa pela sua cabeça continuar no time no restante do ano? "Não
é o que eu queria, sinceramente."

Caio vê boas possibilidades de avançar
na competição. "Tenho sempre cartas na manga", assegura. "Temos de manter a
calma e saber que se marcarmos um gol as coisas para eles ficarão bem mais
difíceis."

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