A campanha pela reeleição à Presidência da República está nas ruas, mesmo que os partidos estejam foram da margem legal para definir seus respectivos candidatos e as indefectíveis coligações.
E quem primeiro assume a condição de pré-candidato é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja intensa movimentação dos últimos dias deverá ser incrementada até junho, limite imposto pela legislação eleitoral para os partidos realizarem suas convenções e apresentarem oficialmente os nomes.
As razões invocadas pelo presidente são óbvias, e sua peculiar maneira de interpretar a questão não será cerceada por qualquer espécie de pudor em viajar pelo País para ?chupar as mangas que eu mesmo plantei?, lembrando afirmações de sua recente viagem ao Acre.
Os defensores da gestão punhos de renda, como alguns cientistas políticos classificaram o segundo governo de FHC, a tentativa de imitar o clima da social-democracia da Europa mais sofisticada, pisam em ovos diante da sem-cerimônia do desbocado sindicalista.
É um certo desconsolo, porquanto ninguém deveria sentir-se afligido pela notória prática lulista de deslocar-se constantemente pelo País, desde os tempos das caravanas eleitorais pelos mais diferentes rincões.
A força de Lula está nos seus contatos com o chamado povão. Ao que parece, inalterada, mesmo diante da opção de dirigentes do seu e demais partidos da base pelo mergulho no mar de lama.
Na Baixada Fluminense, o presidente bradou ter a cara do povo sofrido e no extremo norte, ao visitar um militante petista paraplégico, derramou-se todo ao confessar ser aquele o tipo da casa que lhe traz prazer. Convenhamos que isso soa mais legítimo quando comparado ao pé na cozinha de FHC, ou sua ensaiada afeição por jegues e apimentados sarapatéis nordestinos.
Soa em meio aos debiques do tucanato a voz sensata do governador das Minas Gerais, Aécio Neves, para quem Lula é candidato com extraordinário potencial, mas ao mesmo tempo passível de ser derrotado.
A intenção visível de Aécio é livrar o PSDB do endeusamento, trilha que pode levar o partido a mais um desastre.
