O presidente da França, Jacques Chirac, fará um pronunciamento à nação na noite de domingo e analistas acreditam que ele deverá anunciar que não concorrerá à reeleição nas eleições previstas para abril. Enquanto isso, pesquisas de opinião apontam um quadro imprevisível a poucas semanas do primeiro turno.

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O gabinete de Chirac informou hoje que ele fará um discurso em rede nacional de rádio e televisão a partir das 20h locais de domingo. A assessoria de imprensa do presidente não revelou detalhes do pronunciamento. Chirac, de 74 anos, ainda não anunciou se buscará ou não o terceiro mandato nas eleições deste ano, cujo primeiro turno está previsto para 22 de abril e o segundo para 6 de maio.

Apesar disso, poucos analistas políticos franceses acreditam que ele concorrerá novamente. Chirac já é presidente da França há 12 anos e tem dado a entender que não buscará um novo mandato, mas permanece cuidadosamente em silêncio até poucas semanas do pleito. Até o momento, ele não indicou se apóia a candidatura de Nicolas Sarkozy, um ex-aliado convertido em rival. Sarkozy lidera o partido conservador UMP, o mesmo de Chirac.

Além de Sarkozy, os principais candidatos à sucessão de Chirac são a socialista Ségolène Royal e o centrista François Bayrou. Enquanto isso, duas pesquisas de opinião divulgadas hoje apontam para uma das eleições presidenciais mais acirradas da história da França, com Sarkozy e Royal praticamente empatados e Bayrou em ascensão. A menos de seis semanas das eleições, as sondagens constataram que mais de 40% dos eleitores ainda estão indecisos e que os números finais do pleito são imprevisíveis.

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Uma pesquisa do instituto CSA publicada hoje pelo jornal Le Parisien mostra que, se o primeiro turno fosse hoje, Sarkozy teria 26% dos votos, contra 25% de Royal e 24% de Bayrou. Outra sondagem feita pelo instituto de pesquisa BVA Orange mostra Sarkozy também na frente, com 29% das intenções de voto, seguido por Royal, com 24%, e por Bayrou, com 21%. As duas consultas mostram os melhores resultados de Bayrou nas pesquisas. O candidato centrista tenta se aproveitar do descontentamento dos franceses com a dinâmica esquerda-direita dominante na política do país ao longo das últimas décadas.

Em 2002, eleitores, jornalistas e pesquisadores foram pegos de surpresa pelo desempenho do líder de extrema direita Jean-Marie Le Pen nas urnas. Quase todos esperavam um segundo turno entre Chirac e o socialista Lionel Jospin. Le Pen terminou o primeiro turno em segundo lugar, à frente de Jospin, e disputou, sem êxito, a presidência com Chirac algumas semanas depois. Este ano os institutos de pesquisa adotaram uma postura mais cautelosa.

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O instituto CSA ouviu 917 eleitores no último dia 7. O BVA entrevistou 953 pessoas por telefone entre 5 e 6 de março. As margens de erro não foram divulgadas, mas costumam ser de três pontos porcentuais para mais ou para menos em pesquisas com essa amostragem na França.