O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou, no plenário da Casa, que vai processar o comentarista Arnaldo Jabor pelas críticas que este fez aos deputados, na terça-feira passada, na Rádio CBN, ao comentar reportagem publicada na véspera pelo jornal O Estado de S. Paulo informando que os deputados gastaram, só nos dois primeiros meses deste ano R$ 11,2 milhões com gasolina. Jabor chamou os deputados de "canalhas" e disse: "Todos sabemos que os nossos queridos deputados têm direito de receber de volta o dinheiro gasto com gasolina, seja indo para os seus redutos eleitorais, ou indo para o hotel com suas amantes, ou seus amantes.

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Chinaglia se referiu diretamente ao comentário de Jabor e foi aplaudido pelos deputados ao anunciar: "Chegou ao nível do inadmissível. E, como é inadmissível, vamos, em nome da Casa, processar o jornalista Arnaldo Jabor." O presidente da Câmara anunciou que a iniciativa de mover o processo tem o objetivo de "defender a democracia e o povo brasileiro", e acrescentou: "A desqualificação da política não é um ato ingênuo, é retirar da mão popular e da sociedade o único instrumento para dirimir conflitos ou defender legítimos interesses." Chinaglia anunciou também que pretende pôr em votação, em breve, a proposta de emenda constitucional (PEC), já em tramitação, que cria uma advocacia para a Câmara, a exemplo da Advocacia Geral da União.

Segundo a reportagem do Estadão, os deputados gastaram, só em janeiro e fevereiro, 1 milhão de litros de gasolina, combustível suficiente para se dar a volta ao mundo 250 vezes – num percurso de 11 milhões de quilômetros. A Câmara reembolsou os deputados pelos R$ 11,2 milhões. "Todos sabemos", disse Jabor, "que os nossos queridos deputados têm direito de receber de volta o dinheiro gasto com gasolina (…). A Câmara, ou, melhor, você e eu, pagamos o custo, desde que eles levem notas fiscais para comprovar o gasto da gasosa". E concluiu: "Quando é que vão prender esses canalhas? Ah, eu esqueci. Eles têm imunidade, têm foro privilegiado. É isso, aí, amigos otários como eu.

Chinaglia foi aplaudido também ao afirmar que está defendendo a instituição, que todos ali têm representação popular. "Não pretendemos passar a idéia para a sociedade de que somos obscuros. Aqui estão os que têm a legitimidade de representar o povo brasileiro. Partimos do pressuposto de que são homens e mulheres honrados, assim como são os brasileiros que os elegem", disse o presidente da Câmara. Ele afirmou que todas as instituições cometem erros, mas que, "na Câmara, não há compromisso com qualquer o erro.

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