China sofre com a maior seca dos últimos 50 anos

A pior seca dos últimos 50 anos na China e as altas temperaturas do verão não estão poupando nem o lendário rio Yangtsé. O nível das águas de um dos berços da civilização chinesa despencou para 11,81 metros na província de Jiangxi, pouco abaixo da mínima de 12,01 metros registrada no idêntico mês de 1972. O nível vem baixando dez centímetros por dia desde fins de julho, alertou Hu Jin, diretor da Estação Hidrológica de Jiujiang.

De acordo com Hu, o mais baixo nível no rio desde o início das medições, em 1.885, ainda não coloca em risco a segurança da navegação fluvial na província. O rio Yangtsé, um dos maiores do mundo com 6.211 quilômetros de extensão, é uma das principais artérias econômicas da China. O movimento de seus portos aumentou 17% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2005, totalizando 380 milhões de toneladas.

O volume, segundo o Escritório da Hidrovia do Rio Yangtsé, corresponde a um sexto do transportado ao longo do rio Reno. O padrão de eficiência do transporte e dos trabalhos de carga e descarga, contudo, corresponde a apenas um quarenta avos do rio europeu.

Por enquanto, afirma a Agência de Notícias Xinhua, o trecho Taipingkou – Shashi é o único que apresenta problemas no tráfego entre as 8h e as 12h, em virtude da dragagem de seu leito. O fluxo de embarcações nas comportas da polêmica Hidrelétrica de Três Gargantas, de acordo com a reportagem, está normal.

O rio também está imerso em outras controvérsias ambientais. A principal delas está diretamente relacionada à transposição de suas águas, obra que deverá consumir cerca de US$ 65 bilhões até 2050 para o transporte de 17 bilhões de metros cúbicos por ano do Sul para o Norte por intermédio de três rotas: central, oeste e leste. A primeira etapa do projeto, a rota central, que atenderá a crescente demanda pelo precioso líquido de Pequim, deverá estar concluída antes dos Jogos Olímpicos de 2008.

Os críticos da ambiciosa obra afirmam que os estudos sobre os impactos ambientais são parcos e não esclarecem, por exemplo, as mudanças micro-climáticas e na vazão do mitológico rio.

Segundo a imprensa local, a estiagem está afetando o cotidiano de pelo menos 18 milhões de pessoas e atingiu 1,35 milhão de hectares de plantio. Os prejuízos, conforme as estimativas oficiais, ultrapassariam a casa de US$ 1,3 bilhão.

A situação é particularmente crítica no Município Central de Chongqing, na Região Oeste da China, onde mais de 7 milhões de pessoas continuam sem água.

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