China cobra definição do Brasil na disputa com EUA

A China quer saber de que lado o Brasil estará nas disputas abertas pelos Estados Unidos contra Pequim na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na terça-feira, diplomatas chineses pediram uma reunião com representantes do Itamaraty em Genebra para saber qual será a posição do País em relação ao processo aberto pelos norte-americanos contra os subsídios dos chineses às suas indústrias. Os chineses ainda ameaçaram publicamente o governo americano, alertando que os processos poderão ter conseqüências para as relações entre os dois países.

Durante a reunião, o Brasil se limitou a dizer que não tem instruções para entrar no caso. A preocupação dos chineses ocorre porque a queixa dos EUA toca no centro da política industrial do país. Para a Casa Branca, Pequim usa seu sistema tributário para incentivar exportações e reduzir custos das empresas no exterior. O déficit dos EUA com a China atinge US$ 232 bilhões.

Os chineses abordaram o Itamaraty em um momento em que estão sendo bombardeados com casos na OMC. O último foi aberto ontem pelos EUA contra a falta de ação da China em combater a pirataria, e provocou uma dura reação das autoridades chinesas. O pior, para Pequim, é que a guerra promete se ampliar. A União Européia (UE), por meio do porta-voz de Comércio da Comissão Européia, Peter Power, confirmou que o bloco vai se aliar aos EUA e pedirá para entrar no processo como terceira parte. A Europa é o maior destino das exportações chinesas e seu déficit com Pequim chegou a US$ 130 bilhões em 2006. Dados da Comissão Européia apontam que, em 2002, 80 milhões de produtos falsificados foram confiscados nos países do bloco.

No Itamaraty, diplomatas afirmam que o Brasil ainda não definiu se pedirá para fazer parte do caso. "Estamos esperando os documentos para fazer uma análise", disse um diplomata. Segundo o governo, o Brasil já iniciou um diálogo com a China sobre a pirataria, mas nenhuma ação conjunta foi realizada até agora. Sabe-se que 75% dos produtos falsificados vendidos no Brasil são fabricados na Ásia, principalmente na China.

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