O Secretário de Relações Econômicas Internacionais da Chancelaria Argentina, embaixador Alfredo Chiaradia, negou que seu país não tenha informado o Brasil sobre a denúncia argentina na Organização Mundial de Comércio (OMC). "Não foi nenhuma surpresa nem para o governo, nem para a empresa brasileira. Há um ano que estamos negociando e nos estão dando voltas e voltas, sem chegar à um acordo. Tanto o Brasil quanto a empresa brasileira sabiam que faríamos uma queixa na OMC", disse Chiaradia à AE, em Buenos Aires.
O embaixador também afirmou que a Argentina tentou utilizar os mecanismos necessários para evitar uma queixa formal junto à OMC. "Estivemos consultando com as autoridades do Brasil durante 12 meses e, nesse caso, não seria útil a atuação do Tribunal de Soluções de Controvérsias pela falta de normas específicas comuns de antidumping no interior do Mercosul", explicou. "Fizemos todo o possível para preservar o Mercosul", afirmou.
Indagado sobre se o governo de Néstor Kirchner tinha críticas contra a atuação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva nestas negociações, Chiaradia disse que não. "Não temos nenhuma queixa de como atuou o Brasil nas negociações mais sim contra a empresa", afirmou o embaixador, acusando a M&G (a empresa italiana, cuja subsidiária brasileira é Rhodia-Ster) de querer "monopolizar o mercado de resina PET no Brasil, eliminando a competência e expulsando a empresa argentina". A empresa argentina é a Voridian Argentina SRL, de capital norte-americano a maior produtora local de resina PET.
Mercosul
Chiaradia fez questão de esclarecer que o recurso de chegar à OMC foi o último e que "a relação com o Brasil é muito importante para a Argentina e vice-versa. Quando temos alguma dificuldade manejamos de maneira reservada entre os governos". O embaixador discorda também da leitura de alguns de que a denúncia possa prejudicar a relação bilateral ou enfraquecer o bloco regional. "Francamente, as críticas contra a Argentina de que está colocando o Mercosul ou a Cúpula dos Presidentes em perigo, são completamente fora de lugar", disse em tom de desabafo.
Há duas semanas a Argentina denunciou o Brasil na OMC pela aplicação de medidas antidumping contra as importações brasileiras de PET, que chegam a 35% para as operações da empresa Voridian, e 67% para o resto dos fabricantes argentinos de PET. Desde setembro de 2005, quando essas tarifas começaram a ser aplicadas, as exportações argentinas de PET ao Brasil despencaram.
