Chega a 102 o total de presos da Operação Dilúvio

Até o início da noite a Polícia Federal prendeu 102 acusados de participar de um dos maiores esquemas de fraude no comércio exterior já registrado no País. A PF pretende cumprir 118 mandados de prisão. Entre os presos estão os dois idealizadores do esquema, Marcos Antônio Mansur, do grupo MAM, e seu filho, Marco Antônio Filho. Os dois estão detidos na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.

Também estão presos os dois sócios de Mansur em Miami: Adilson Tadeu Soares, responsável pela exportadora Feca International, e Márcio Campos Gonçalves, responsável pela All Trade. Eles se entregaram à polícia no Estados Unidos, e devem desembarcar nesta quinta-feira no Aeroporto de Guarulhos em São Paulo.

No segundo dia da chamada Operação Dilúvio, a Polícia Federal cumpriu 28 mandados de prisão e 58 mandados de busca e apreensão na capital paulista. Foram apreendidos US$ 189,1 mil, R$ 5,2 mil 40 cheques no valor total de R$ 135,1 mil e R$ 7,5 mil em notas promissórias. Também foram confiscados pela PF 9 carros importados, 3 motos, 3 relógios de marcas sofisticadas e 16 obras de arte. Em Campinas, sete suspeitos foram presos e em Ribeirão Preto a PF deteve mais um acusado. Os agentes apreenderam 11 Mercedes Benz, uma BMW e um Audi A4.

A operação mobilizou 1.200 agentes da PF e da Receita em oito Estados e nos Estados Unidos. Na quarta-feira, foram também cumpridos 220 mandados de busca e apreensão que incluíram grandes lojas de departamento e empresas.

A quadrilha atuava há pelo menos 10 anos num complexo esquema, que envolvia dezenas empresas de fachada e empresários laranjas para a importação a preços subfaturados de produtos de marca, principalmente eletroeletrônicos, equipamentos de informática e telecomunicações, pneus, carros, embalagens, perfumaria, vitaminas, motos, tecidos, materiais cirúrgicos e baterias. Empresas varejistas também estão envolvidas no esquema.

A Receita calcula que cerca de R$ 1,1 bilhão foram importados pelo grupo de forma ilegal nos últimos quatro anos. Pelo menos R$ 500 milhões, pelos cálculos da Receita e da PF, deixaram de ser pagos em impostos nesse período.

Conexões – O grupo de Mansur já tinha sido alvo das investigações na operação "Narciso", que desmantelou no ano passado o esquema de subfaturamento na Daslu, loja de produtos de luxo de São Paulo. A PF suspeita que a Daslu estaria comprando ainda produtos de tradings (importadoras de fachada) do esquema. Fontes que participaram das investigações informaram que entre as empresas que receberiam mercadorias do grupo estão a Shoptime (canal de TV de venda de produtos), a CIL Informática de São Paulo e a loja de roupas masculinas Via Veneto.

O esquema também abastecia com produtos o grupo de Law Kim Chong considerado o maior contrabandista do País e que está preso. "A operação Narciso foi uma chuva perto do dilúvio de hoje", disse nesta quarta-feira (ontem o diretor-executivo da PF, Zulmar Pimentel, que dá nomes às operações.

Os principais clientes do grupo eram empresas de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. Cerca de 24 empresas comercializavam os produtos importados pela quadrilha.

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