O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, alertou que o mundo enfrente o fantasma de uma crise de energia e ofereceu para dividir a riqueza de petróleo e gás natural do seu país com toda a América do Sul num esforço para reduzir a influência dos Estados Unidos. Como anfitrião da cúpula de energia, Chávez disse aos líderes da América do Sul que não é contra o etanol – que os EUA e o Brasil concordaram em promover de forma conjunta -, mas ele se opõe aos planos de Washington para impulsionar a produção de etanol a partir do milho. "Tirar o milho das pessoas e da cadeia alimentar para movimentar automóveis é uma coisa terrível", disse Chávez.

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As preocupações do presidente da Venezuela também são partilhadas por alguns especialistas, que dizem que mesmo se toda a terra cultivável do planeta for empregada para a produção de biocombustível, ainda não seria suficiente para atender a demanda mundial. A Venezuela também planeja expandir sua própria produção de etanol como um aditivo para combustível.

O presidente venezuelano também exortou os EUA a reduzirem as tarifas sobre o etanol brasileiro feito a partir da cana de açúcar, um ponto que tem sido destacado com Washington pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. "Não somos contra os biocombustíveis", disse Chávez. "Na verdade, queremos importar etanol do Brasil", acrescentou.

Chávez, um feroz crítico do presidente dos EUA George W. Bush, alertou no mês passado que o acordo EUA/Brasil sobre etanol monopolizaria os campos cultiváveis e deixaria os pobres famintos – em linha com seu aliado cubano Fidel Castro. O presidente da Venezuela disse que os biocombustíveis são uma "estratégia válida", mas acrescentou que é importante acima de tudo deixar claro "que não vai afetar os alimentos".

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O presidente da Venezuela, que é um dos principais fornecedores de petróleo dos EUA, culpou a guerra no Iraque e a sede de petróleo dos EUA e chamou isso como um sintoma de um problem muito maior que está por vir. "A verdadeira crise de energia está sendo fermentada em fogo baixo, uma crise que poderá alcançar grandes dimensões", disse Chávez aos participantes do encontro em discurso.

Ele disse que a Venezuela dará prioridade em dividir sua riqueza de petróleo e gás natural com a América Latina, dizendo que pode ser tornar "o grande eixo" da integração regional. No encontro de cúpula de energia de dois dias, que conta com a participação dos líderes dos países sul-americanos, Chávez busca suporte para projetos que incluem o Banco do Sul, um gasoduto e uma aliança para o setor de gás nos moldes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). As informações são da Dow Jones.

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