Chávez pede votos a Lula, “herói do Brasil”, a militantes do MST

Em meio às costumeiras críticas ao presidente dos Estados Unidos, George W.Bush, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em visita hoje a Curitiba, pediu votos para seu companheiro brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso a cerca de 1.500 militantes da Via Campesina, Movimento dos Sem-Terra (MST) e representantes de sindicatos e estudantes, no Teatro Guaíra, ele chamou Lula de "herói do Brasil".

Sentado à mesa ao lado do líder do MST, João Pedro Stédile, Chávez lembrou que Stédile é um crítico do modelo econômico adotado pelo presidente Lula. Mas aclamou: "Lula é o homem para o Brasil neste momento." Segundo ele, "o movimento popular do Brasil não pode permitir que a direita volte ao poder". Para o presidente venezuelano, todo governo de direita acaba "se ajoelhando perante o império norte-americano". "A volta da direita seria um golpe não só para o Brasil, mas também para a Venezuela e para o projeto de união da América do Sul e a integração da América Latina", afirmou.

Segundo ele, a América do Sul está ganhando nova fisionomia com seu governo, o de Evo Morales, na Colômbia, Nestor Kirchner, na Argentina, Nicanor Duarte, no Paraguai, e Tabaré Vasquez, no Uruguai. "Nós necessitamos de Lula aqui", afirmou. "Estamos obrigados a manter a unidade porque é isso que nosso povo reclama."

Unidade em torno do que ele tem chamado de Aliança Bolivariana das Américas (Alba), em oposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), é o que Chávez não cansou de citar nos dois discursos – um a empresários, que demorou uma hora, e outro aos movimentos populares, de uma hora e 20 minutos – e na entrevista coletiva, que teve apenas quatro entrevistadores escolhidos pela comitiva do próprio presidente. De brasileiro apenas uma repórter da "TV Educativa", pertencente ao governo do Paraná. "A única alternativa para frear o império é a Alba", sentenciou.

No primeiro evento, no Palácio Iguaçu, Chávez e o governador Roberto Requião (PMDB) assinaram convênios entre os dois governos para integração nas áreas ambiental e de tecnologia. Requião também informou que, nas duas rodadas de negociações, foram feitos acordos de cerca de US$ 420 milhões. Em discurso aos empresários Chávez condenou o capitalismo. "Ele rechaça os conceitos de palavras como companheiro", acentuou. E teceu as costumeiras críticas ao presidente norte-americano. "Ele ameaça invadir o Irã. É uma loucura", disse.

No Teatro Guaíra teve ao lado na mesa, além do governador e de Stédile, o bispo de Curitiba, dom Ladislau Biernaski, e a cantora Beth Carvalho. O primeiro ato foi a assinatura de um manifesto das Américas em defesa da natureza e da diversidade biológica e cultural. Voltou a criticar o capitalismo. "Washington e seus aliados querem nos levar para esse caminho nefasto", criticou. "Mas o caminho do socialismo é o único que permite salvar este planeta." Ele registrou que todo império nasceu, cresceu e morreu. "Assim vai ser no século 21 a morte do império norte-americano", previu. E encerrou fazendo apelos pela unidade da América do Sul. "É a nossa Pátria", ressaltou.

Na entrevista coletiva, Chávez disse que uma das questões fundamentais para os conflitos com os Estados Unidos é o fato de a Venezuela e a Bolívia terem um grande estoque de gás. "Estamos assegurados para este século e parte do próximo", acentuou. "O gigante está desesperado." Nesse sentido reforçou o apelo para a integração com o Brasil. "O gás do Brasil está no território venezuelano", afirmou. Com o mesmo estilo de crítica ao que chama de imperialismo, pela manhã Requião foi perguntado sobre o que seria servido no almoço. Em tom jogoso disparou: "Bush à milanesa".

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