Depois que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou que a ?explosão revolucionária do poder comunal? será o principal motor do segundo mandato, a máquina política de seu governo colocou-se em movimento, ontem, para produzir um terremoto institucional que o líder costuma comparar aos sovietes da Rússia da Revolução de Outubro de 1917. Em vários pontos do país lideranças sociais reconhecidas e puros cabos eleitorais do governo deram os últimos retoques para formar os Conselhos Comunais, entidades de bairro de maior musculatura que, com verbas disponíveis para realizar obras e promover melhorias, ameaçam devorar a parcela mais suculenta das atribuições de prefeitos eleitos

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Numa petro-revolução onde não faltam verbas fabulosas para gastar, os Conselhos surgem num terreno fértil onde a dificuldade não é conseguir dinheiro – mas gastar direito aquilo que se recebe com fartura. Embora estejam abrigadas numa versão um pouco melhorada das favelas brasileiras, as entidades de bairro da Venezuela costumam receber recursos do governo até para reformar e construir residências – desde um conserto de telhado até uma reforma completa, quando o imóvel inteiro é colocado abaixo e outro casa nova é erguida no mesmo lugar.

O Estado assistiu, ontem, à uma reunião na Comunidade 12 de Outubro, localizada depois do penúltimo ponto do Metrô de Caracas, onde foram acertados os detalhes finais para a formação do Conselho, que deve ser escolhido por voto dentro de 15 dias.

O comparecimento, de 50 pessoas, foi considerado médio. Equivale a um morador para cada grupo de dez casas do bairro, mas não é um número alto. No ano passado, quando foram escolhidos os coordenadores de áreas de atividade da comunidade – saúde, infra-estrutura, clubes de mães e outras -, compareceram 700 pessoas. Ali Chávez teve 73% dos votos para presidente, diante dos 63% na média nacional.

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