O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estréia hoje como o novo sócio pleno do Mercosul. Mas o tenente-coronel que comanda a maior potência petrolífera da América Latina também chega à cúpula de presidentes do bloco com aspirações de ser o padrinho financeiro da região. No encontro, na cidade argentina de Córdoba, Chávez vai tentar seduzir, principalmente, Uruguai e Paraguai
Fontes diplomáticas presentes na cúpula informaram que Chávez queria se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, numa escala prévia a Córdoba, para "defender as posições dos sócios pequenos". O presidente venezuelano pretendia argumentar a favor das queixas uruguaias e paraguaias sobre as assimetrias comerciais com Brasil e Argentina. No entanto, a reunião foi misteriosamente suspensa. Segundo informações extra-oficiais, o cancelamento do encontro foi causado pela suposta irritação do presidente brasileiro com o crescente protagonismo do novo sócio nos problemas preexistentes do bloco
Com seus petrodólares, Chávez está comprando a simpatia dos governos da região. Ele já destinou US$ 3,2 bilhões para a compra de bônus da dívida pública argentina. Além disso, anunciou o lançamento de um bônus binacional. Chávez ainda garante aos argentinos o abastecimento de combustíveis desde 2005. O Paraguai também foi contemplado. A Venezuela destinou US$ 100 milhões para a compra de bônus do Tesouro paraguaio e criou uma comissão bilateral para tratar de exploração de jazidas de petróleo no país
O Uruguai foi beneficiado pelo desembolso de US$ 15 milhões na compra de 43,13% das ações da rede de postos de gasolina Sol, na Argentina, controlada pela uruguaia Ancap. Chávez também destinará US$ 600 milhões na conversão da Refinaria La Teja, em Montevidéu, para a transformação de 50 mil barris diários de petróleo pesado venezuelano. De quebra, desembolsou US$ 17 milhões para o Hospital de Clínicas e para o Centro Oncológico
No caso da Bolívia, investiu US$ 1,5 bilhão na parceira PDVSA-YPFB para a exploração de minérios, gás e petróleo e injetou US$ 130 milhões em fundos de financiamento de projetos sociais e de infra-estrutura. O desembolso também chega aos cocaleiros. Chávez vai investir US$ 100 milhões em fábricas de farinha e de chá de coca e na campanha de legalização do cultivo
Até no Brasil os petrodólares venezuelanos chegaram. Com o governo brasileiro, Chávez vai investir US$ 2,5 bilhões na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Além disso, criará a companhia PDV Brasil Combustíveis e Lubrificantes para expandir a rede venezuelana de postos de gasolina no Norte do País
Para completar, Chávez é o principal incentivador do Gasoduto do Sul, investimento de US$ 20 bilhões para instalar um megagasoduto que cortará o Brasil e levará o gás venezuelano à Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai