A expressão chapa-branca lembra para o povo em geral privilégios de políticos e outros agentes do poder público. A origem é o uso, por muitos e muitos anos, de chapas brancas nos veículos do serviço público pertencentes ao governo, muitas vezes em excesso e sem critérios, pelos políticos e servidores e também por suas famílias, amigos e amigas, cabos eleitorais ou quem quer que tivesse condições de conseguir carona gratuita à custa do dinheiro do povo. Tal fato marcou a expressão como pejorativa.

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Quando foi adotada a chapa branca para carros particulares, abolindo-se o uso dessa cor para os carros oficiais, a cidade de Curitiba foi a primeira a implantá-la. Curitibanos em viagem sofreram agressões verbais e até físicas quando, em seus carros particulares, passaram por outras cidades. Não informadas, as pessoas descarregavam sobre os curitibanos sua indignação pelo uso abusivo de carros oficiais, imaginando que os carros particulares com chapas brancas eram veículos de governo servindo para mordomias.

Pouco a pouco as chapas brancas em carros particulares foram sendo implantadas e acabou o constrangimento.

Mas o uso de carros oficiais, que a legislação manda ser claramente identificáveis, com chapas diferenciadas e dísticos nas portas que indiquem estejam sendo usados em serviço, continua acontecendo de forma abusiva. Ainda são muitos os altos funcionários públicos e políticos que consideram tais veículos como uma mordomia merecida ou um acinte que o povo, que paga, tem de engolir. Afinal de contas, eles são excelências. A fiscalização do povo e a denúncia, via meios de comunicação, parecem ser os únicos meios de inibir tais abusos.

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Enquanto o combate dos abusos se faz da maneira possível, é interessante que se observe e corrija o tamanho e custo da frota de veículos oficiais. Ela vem crescendo ano após ano e em 2005 já custou aos cofres públicos, ou seja, ao bolso do povo, R$ 724.723.464,41.

Aí estão as despesas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União. São gastos com a compra de carros, aluguel, serviço de manutenção, combustíveis e lubrificantes, IPVA, compra de acessórios e o pagamento de outras despesas. Não se incluem gastos das empresas governamentais.

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Melhor que xingar a mãe dos responsáveis é cotejar essa fabulosa despesa com as que foram feitas em setores do governo de interesse essencial para a população. Um bom exemplo e uma boa comparação é com os gastos feitos em 2005 pelos ministérios do Turismo e da Cultura. Aquele, gastou em todas as suas atividades para implementar projetos turísticos e aumentar as receitas do setor para o País apenas R$ 324 milhões. O Ministério da Cultura, cuja importância é por todos reconhecida, teve uma despesa efetiva, no ano passado, de R$ 395 milhões. A soma dos recursos aplicados pelos dois importantes ministérios é menor, por absurdo que pareça, do que a despesa com a frota de veículos oficiais.

Há poucos dias, neste espaço, falamos da escassez de recursos e necessidade de que o governo tenha uma adequada escala de prioridades. Ninguém ousará, neste País de tantas carências, aprovar que para transporte de funcionários e políticos (além de seus caronas, familiares ou não), se gaste mais do que na promoção do turismo e ações no campo da cultura. Mas este absurdo acontece.