O chanceler colombiano, Fernando Araújo, teve de se retratar hoje por ter dito, na véspera, que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) vêem no presidente venezuelano, Hugo Chávez, um líder ideológico. A declaração, feita durante uma conferência em Washington, nos Estados Unidos, irritou o governo venezuelano, que exigiu que Araújo se desculpasse para "restituir o respeito" às relações entre os dois países.
"Considero que minhas declarações não foram afortunadas", disse o chanceler colombiano à radio colombiana Caracol, depois de explicar que, na realidade, se referia a alguns integrantes das FARC, que conheceu enquanto foi prisioneiro da organização, e não toda a guerrilha esquerdista.
Capturado pelas Farc em 2000, Araújo foi mantido refém por seis anos, até conseguir fugir durante uma operação militar do governo que deixou seis guerrilheiros mortos, no dia 31 de dezembro. Ele foi convidado pelo presidente colombiano Alvaro Uribe para ocupar o cargo de Ministro das Relações Exteriores em fevereiro.
Durante a entrevista, o chanceler Colombiano admitiu que o comentário sobre Chávez teria lhe rendido um "puxão de orelha" de Uribe, que lhe recomendou mais "prudência" ao lidar com assuntos relacionados à Venezuela. Por fim, Araújo disse que pretende conversar em breve com o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, mas não para falar de seu comentário e sim para organizar um encontro entre os presidentes dos dois países. "Uribe e Chávez têm interesse em se reunir em breve para levar adiante a agenda bilateral que é muito extensa e importante", disse Araújo.
Em Bogotá, o governo Uribe sofreu mais um ataque da oposição colombiana, cujas críticas ganharam peso após a prisão de 8 deputados governistas pelo suposto envolvimento com milícias paramilitares. Dessa vez foi a coalizão opositora Polo Democrático Alternativo quem pediu a renúncia do ministro do Interior e Justiça, Carlos Holguín Sardi por supostamente ter tentado encobrir os escândalos.
