Chacina da Baixada teve mandantes, afirma comandante na Alerj

O comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar, de Duque de Caxias, coronel Paulo César Lopes, afirmou hoje que a chacina da Baixada Fluminense teve mandantes, não foi orquestrada pelos onze PMs presos, apontados apenas como executores. Ele fez a declaração em depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj).

Logo após a chacina, em 31 de março, foi levantada a hipótese de que fosse uma retaliação contra as punições impostas pelo coronel Lopes a policiais com desvios de conduta. O comandante, que assumiu o posto em julho de 2004 para moralizar a unidade, havia detido nove PMs sob suspeita de terem decapitado duas pessoas e lançado suas cabeças dentro do quartel dois dias antes do massacre.

"Qualquer mortal com inteligência mediana pode deduzir que isso (a chacina) teve uma articulação maior. Eu deduzo e assino embaixo", disse Lopes. Para ele, a matança foi ordenada como forma de retaliação à troca de comandantes nos batalhões da Baixada. "Eu espero que eles (mandantes) caiam. E vão cair. As investigações vão levar a isso. Vão chegar ao vértice da pirâmide. Tem que haver interesse e eu acredito que haja", afirmou o comandante. O oficial não quis citar nomes. "Nominar é que é difícil. A gente não pode ser leviano", esquivou-se.

Os policiais que investigaram a chacina não encontraram indícios de que os 29 assassinatos em Queimados e Nova Iguaçu tenham sido ordenados por alguém. Eles concluíram o inquérito com o indiciamento somente dos onze PMs, que agora serão julgados por um júri popular. Amanhã o grupo, já denunciado pelo Ministério Público, será interrogado no Fórum de Nova Iguaçu.

Os deputados consideraram as declarações de Lopes relevantes. "Ele é o primeiro que admite a possibilidade de existirem mandantes", disse o deputado Paulo Ramos (PDT).

Premonição

Durante o depoimento, Lopes mencionou que, na noite da chacina, estava com o inspetor-geral de Polícia, coronel João Carlos Ferreira, e que este fez uma "premonição." "Recebemos a notícia, por telefone, avisando que haviam matado dez pessoas em Nova Iguaçu. O coronel João Carlos profetizou: ‘O próximo (local de mortes) será Queimados." Doze pessoas foram executadas em Queimados naquela noite.

Agora, os parlamentares querem saber se o inspetor dispunha de alguma informação prévia sobre o que ocorreria.

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