Cesta básica do curitibano aumentou 16,46% em 2002

A cesta básica do trabalhador curitibano encareceu 16,46% em 2002. A variação ficou um pouco menor que a alta de 19,78% registrada em 2001, porém novamente superou a inflação, que deve fechar ao redor de 14,5% (INPC). Os treze itens da alimentação essencial, que custavam R$ 130,67 em dezembro de 2001 subiram para R$ 152,18 no mesmo mês do ano passado. Em dezembro, a cesta de Curitiba aumentou 1,02%, recuando bastante depois da variação de 9,29% em novembro – a quinta maior desde 1994.

Entre as dezesseis capitais pesquisadas pelo Dieese, apenas o Rio de Janeiro teve deflação na cesta em dezembro (-0,99%). A maior variação ocorreu em Salvador (8,31%). Curitiba ficou com a quarta menor oscilação percentual, porém, em valores, terminou o ano como o terceiro maior do País. A mais cara foi Porto Alegre (R$ 164,05) e a mais barata, Fortaleza (R$ 119,39). No ano que passou, a maior variação foi verificada em Salvador (31,5%) e a menor no Rio de Janeiro (16,16%). A capital paranaense, que teve o segundo maior aumento em 2001, ficou em décimo segundo lugar no ranking.

“Apesar da performance ruim verificada no segundo semestre (de julho a dezembro, a alta foi de 22,09%), a deflação de -4,61% no primeiro semestre contribuiu para que a variação da cesta em 2002 ficasse menor que no ano anterior”, comentou Miguel Gawloski, coordenador sindical do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). “A variação positiva no segundo semestre era esperada, mas não nesse patamar. Além da entressafra, houve a desvalorização cambial e o aumento da cotação internacional de alguns produtos”, observou o economista Sandro Silva, do Dieese.

Produtos

A manteiga foi o produto que mais aumentou em dezembro (29,17%). De acordo com Gawloski, havia uma defasagem de preço, já que o aumento do óleo de soja, um dos principais insumos da manteiga, ainda não tinha sido repassado até novembro. Já o arroz aumentou 19,85%, em função da entressafra. Mas a partir de fevereiro, com a entrada da safra, a tendência é de queda no preço, apontou o coordenador do Dieese. O açúcar subiu 14,75%, pressionado pelo aumento da exportação brasileira, câmbio e alta da cotação internacional. Outro item que subiu foi a banana (13,90%). “Com o começo da safra, começa entrar produto de melhor qualidade, que pressiona o preço médio”, disse Silva.

Também tiveram elevação de preços: café (7,39%), batata (7,29%), óleo de soja (4,43%), feijão (2,56%), farinha de trigo (1,94%), carne (1,09%) e leite (1,07%). As únicas quedas do último mês de 2002 foram registradas no pão (-0,75%) e tomate (-31,10%). A redução no preço do pão foi motivada pela concorrência, enquanto a do tomate se deveu à entrada da safra de São Paulo, que aumentou a oferta. “A partir de fevereiro, com o pico da safra, vamos notar uma queda mais acentuada”, destacou Gawloski.

No ano passado, os maiores aumentos ocorreram nos itens influenciados pelo câmbio: farinha (80,41%), açúcar (72,84%), óleo de soja (68,57%), arroz (42,73%) e pão (38,06%). O feijão, que em 2001 foi o produto que mais encareceu (157,98%), registrou decréscimo de 7,17% no último ano.

Se a taxa de câmbio mantiver o recuo que vem apresentando neste início de ano, a tendência é que os preços dos alimentos também caiam. “Mas o impacto positivo do câmbio para a população demora um pouco”, avisa Silva. Em janeiro, ele estima que o valor da cesta básica fique estável, podendo até apresentar deflação.

Mínimo necessário

Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário em dezembro deveria ser R$ 1.378,19. Esse valor é levantado conforme determina a Constituição, no artigo 7, capítulo IV, que define o salário mínimo como capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Em dezembro, a cesta básica consumiu 76,09% do salário mínimo bruto, enquanto no mesmo mês de 2001, comprometia 72,59%.

Crescimento na alimentação

Olavo Pesch

A indústria paranaense da alimentação registrou desempenho positivo no período de janeiro a outubro de 2002. O emprego do setor cresceu 11,15%, totalizando 9.466 vagas – das quais 7.757 no interior do Estado. Já a produção industrial de produtos alimentares cresceu 7,26% no mesmo período, enquanto a de bebidas aumentou 10,27% e a de fumo, 35,18%. Beneficiadas pela disparada do dólar, as exportações de alimentos aumentaram 6,01% em valor (US$ FOB), mas em peso líquido caíram 1,50%. As vendas industriais de alimentos tiveram expansão de 7,45%, enquanto a comercialização de bebidas decresceu 25,58% em relação aos dez primeiros meses de 2001. A arrecadação de ICMS teve incremento de 6,78% na indústria de alimentos e 60,56% na indústria de bebidas. No segmento de fumo, retraiu 4,71%.

O consumo de energia aumentou 3,78% no ramo de alimentos e 0,62% no de bebidas, porém recuou 26,41% no de fumo. Na avaliação do economista Sandro Silva, do Dieese, os indicadores positivos são reflexo da questão cambial e da abertura de novos mercados, que elevaram as exportações. “Isso teve um efeito positivo no emprego e na renda do setor, gerando empregos também no comércio e serviços em algumas regiões do Estado”. A indústria de açúcar foi a que mais contratou no ano passado: 3.856 vagas, mas Silva destaca que parte desse volume se deve à formalização de empregados. Na seqüência, aparecem: aves (2.321), fumo (1.551), carne (354), laticínios (279) e óleos vegetais brutos (203).

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