A privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), como sói acontecer quando se planeja passar à atividade privada um volumoso ativo público, como é o caso típico dessa empresa, tem sido motivo de intensa discussão entre os possíveis compradores.
O motivo é sobremaneira explícito e preocupante, pois segundo comentários da imprensa especializada, as duas maiores usinas hidrelétricas, responsáveis por quase 70% da capacidade de geração da companhia, não terão renovadas as suas concessões ao completarem vinte anos de funcionamento, em 2015, de acordo com as normas prescritas pelo próprio sistema elétrico.
O imbróglio será resolvido somente por meio de uma medida provisória ou um projeto de lei, ambos com tramitação obrigatória no Congresso Nacional, segundo um experiente advogado militante no setor.
Na semana entrante, o governo paulista deverá publicar o edital do leilão da Cesp, e só então os interessados terão condições de avaliar o risco do expressivo investimento. Para manter as usinas de Ilha Solteira e Jupiá como parte de seu patrimônio, a companhia depende de mudanças concretas na atual legislação. Nesse aspecto, mesmo o governo federal sofrerá adversidades, pois as hidrelétricas da Chesf e Furnas, bem como a Cemig (MG), terão suas concessões encerradas em 2015.
Estão interessados na Cesp os grupos estrangeiros Suez (dono da Tractebel) e Energias de Portugal (EDP), além dos nacionais CPFL, Light e Cemig. A Companhia Paranaense de Energia (Copel), que há alguns meses tencionou disputar uma parcela do pedagiamento a ser instituído em rodovias federais numa disposição diametralmente oposta à sua especialidade, na questão da venda da Cesp não deu a conhecer qualquer manifestação.