Roberto Schmidt/AFP
A África, seus ritmos e suas danças foram os protagonistas da cerimônia de inauguração da 19a. Copa do Mundo de futebol nesta sexta-feira no estádio Soccer City de Johannesburgo, em um ato marcado pela ausência do ídolo nacional, o líder antiapartheid Nelson Mandela.
O torneio mais importante do futebol mundial foi inaugurado de maneira espetacular, com uma exibição aérea de três caças supersônicos e depois de cinco aviões que fizeram acrobacias antes de encher os céus com as cinco cores da bandeira sul-africana (verde-vermelho-amarelo-azul-negro-branco).
Com o som onipresente das vuvuzelas, as ruidosas trombetas adoradas pelos sul-africanos, dançarinos e músicos ofereceram aos torcedores um grande espetáculo prévio à partida inaugural entre os ‘Bafana Bafana’, a seleção nacional, e a equipe mexicana.
Com trajes tradicionais e muitas cores, vários grupos participaram com músicas típicas de toda a África, da África do Sul ao Magreb, enquanto o estádio ia ficando lotando de espectadores, que chegaram atrasados devido aos grandes engarrafamentos nas vias de acesso.
Entre as estrelas convidadas, o trompetista sul-africano Hugh Masekele, o americano R. Kelly, o argelino Khaled e o nigeriano Femi Kuti fizeram a multidão mais do que motivada dançar.
As arquibancadas laranjas e ouro do Soccer City celebraram assim um momento histórico para o esporte do continente: pela primeira vez, o Mundial de futebol chegou à África, depois de anos de dúvidas, polêmicas e incertezas.
A estrela do rythm & blues, R. Kelly, cantou acompanhado de voluntários que exibiam as 32 bandeiras dos países participantes, em ordem alfabética, terminando com um sonoro “South Africa” (África do Sul), que deu início a uma mistura ensurdecedora de gritos, aplausos e vuvuzelas.
O primeiro presidente negro do país, Nelson Mandela, ausente nos atos de abertura depois da morte durante a madrugada de uma bisneta, havia pedido para incluir no espetáculo uma canção britânica intitulada ‘Hope’ (Esperança), que devia ser interpretada pelo jovem tenor sul-africano Siphiwo Ntshebe.
Seu desejo, no entanto, não pôde ser realizado, já que o intérprete morreu em 25 de maio aos 34 anos, vítima de uma meningite, e por isso foi substituído por Timothy Moloi.
Mandela foi o grande ausente do dia em Johannesburgo, mas outro Prêmio Nobel da Paz sul-africano, o ex-arcebispo anglicano da Cidade do Cabo, Desmond Tutu, participou na festa e, aos 78 anos, dançou, exibindo a camisa dos ‘Bafana Bafana’.
Assim foi dado o pontapé inicial do Mundial África do Sul-2010.
