Do Tatuquara a Santa Cândida, do Cajuru ao Pinheirinho, não importa. Em Curitiba, as chances hoje de encontrar aquele craque de futebol, uma futura campeã de ginástica ou um grande talento esportivo são muito maiores do há que sete anos. A explicação para isso tem um nome: Cates – Centros de Aprimoramento de Talentos Esportivos, programa da Prefeitura de Curitiba criado em 1998 para incentivar a prática de esportes e revelar novos talentos.
Considerado um dos mais importantes instrumentos sociais mantidos pela Secretaria Municipal do Esporte e Lazer, o Cates realizou, só em 2004, cerca de 80 mil atendimentos a crianças e adolescentes em centros de esportes da Prefeitura e quadras comunitárias de associações de bairro. Um número de atendimentos 60% maior que no ano passado.
A ampliação do atendimento aconteceu principalmente por causa das parcerias feitas com a comunidade. "Começamos 2004 com a participação de 85 associações de moradores e estamos fechando o ano com 105 associações cadastradas. Um crescimento significativo que prova o quanto as associações estão acreditando no programa", disse o coordenador de implantação do Cates, Carlos Alberto Ghesti.
O Cates é desenvolvido nos 29 Centros Esportivos distribuídos nas oito regionais da cidade e em quadras comunitárias de associações. Com a orientação dos profissionais da Secretaria de Esporte e Lazer, crianças e adolescentes de 6 a 14 anos aprendem a praticar diversas modalidades esportivas como atletismo, vôlei, basquete, futebol, entre outras.
Nas comunidades, os próprios moradores escolhem as modalidades de maior interesse da população e a Prefeitura oferece material esportivo e orientação técnica permanente.
O principal objetivo do Cates é ensinar e incentivar às crianças a praticar alguma modalidade esportiva. Num segundo momento, o programa forma seleções com atletas que se destaquem nas modalidades esportivas. A partir daí, os futuros talentos participam de campeonatos e passam a ganhar destaque no mundo esportivo. O reconhecimento vem através de bolsas de estudo, convites para treinar em clubes e até patrocínios. "No esporte, assim como na vida, tudo depende de um bom começo. É esse rumo correto que o programa oferece todos os dias a milhares de crianças e adolescentes de nossa cidade", afirmou Ghesti.
Os atletas da seleção de futebol de campo do Cates são uma prova disso. Depois de vencer o Campeonato Paranaense, eles estão participando, nesta semana, do Campeonato Brasileiro Infantil de Futebol de Campo, em Cascavel.
Basquete
Outro bom exemplo do programa são as equipes de basquete orientadas pela ex-jogadora, Dalila Bulcão. Companheira de quadra de nomes como Hortência, Paula e Janete, Dalila foi campeã mundial de basquete em 1994, na Austrália. Começou nas escolinhas da Praça Osvaldo Cruz e, depois de rodar o mundo, decidiu realizar o sonho de ensinar as crianças a jogar basquete.
Em outubro, Dalila começou a transformar seu sonho em realidade através do Cates. Depois de várias visitas à escolas municipais, ela selecionou 80 crianças para treinar duas vezes por semana na Praça Plínio Tourinho. Em apenas dois meses de trabalho, quatro delas se destacaram na equipe e conseguiram bolsas de estudo em escolas particulares de Curitiba. "Trabalhar com estas crianças e ter a oportunidade de descobrir talentos é a grande recompensa da minha carreira. Assim como eu, tenho certeza que muitos que estão aqui hoje poderão ter uma oportunidade de jogar basquete profissional no futuro", disse Dalila.
"Não gostava de fazer nada de esporte. Basquete então, nem pensar. Mas foi só começar a treinar aqui que agora não falto às aulas de jeito nenhum", contou Adriele de Jesus, de 11 anos, uma das alunas do Cates orientadas por Dalila.
Além das opções ofertadas nos Centros Esportivos e nas comunidades, o programa inclui ainda o Cates Universitário, fruto de parceria em que crianças e adolescentes praticam esporte nas canchas da Universidade Federal do Paraná; o Cates Especial, para portadores de necessidades especiais; e o Cates Itinerante, que atende crianças carentes em canchas públicas de bairros sem infra-estrutura esportiva.