O sonho de Evalda Valdelice Lourenço, 52 anos, é reencontrar sua família. Há cinco anos Evalda, que apresenta deficiência mental, mora no Centro de Acolhimento e Atendimento Integral Mais Viver, gerenciado pela Fundação de Ação Social (FAS). Nascida em Paranavaí, ela foi encontrada sozinha na região central da cidade, sem documentos e sem qualquer informação sobre o paradeiro de sua família.

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Nesta sexta-feira (06), Evalda se emocionou ao contar o pouco que sabe sobre a sua vida para a presidente da FAS, Fernanda Richa, que visitou o centro.

No Mais Viver moram 60 pessoas que, como Evalda, perderam o vínculo com a família e foram retiradas das ruas pelo Resgate Social. São 30 homens e 30 mulheres. 90% deles recebem acompanhamento médico, fisioterapêutico, psiquiátrico ou psicológico. A maior parte é dependente de álcool, drogas ou tem algum tipo de transtorno mental ou deficiência física, causada, principalmente, pela vida nas ruas.

"Nosso trabalho é tentar dar condições para que essas pessoas voltem à vida, sejam reintegradas à sociedade e ao convívio da família", disse Fernanda. Para ajudar nesse processo, além de cuidar da saúde do usuário, o Mais Viver oferece cursos variados, alfabetização e reforço escolar.

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Vida melhor

O ex-catador de papel Generoso Nerias Marques, de 55 anos, morador do centro, já sonha com uma vida melhor. Há três semanas ele conseguiu emprego na Metalki, empresa dirigida por Ernesto da Cunha Afonso, da Pastoral da Sobriedade, parceira do Mais Viver. Com a renda, Marques, alcoolista que vivia nos ruas, onde sofreu queimaduras graves, pretende alugar uma casa e casar com Michele Lacerda, de 28 anos, que conheceu no Mais Viver.

Já para Lourival Zanelato (31), que viveu quase 13 anos na rua, o Mais Viver é a único lar de que ele realmente lembra. "Nunca tive uma oportunidade como tenho aqui. É a minha família", disse.

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No centro, os usuários são tratados por 18 educadores e podem fazer cursos de artes e oficinas de tapeçaria, cestaria, bordados e jardinagem. Quem não sabe ler e escrever é alfabetizado. "Temos até usuários portadores de deficiência mental que estão em uma escola de ensino especial aqui perto", contou a gerente do centro, Roseli Carvalho Muraski. "E nós fazemos o papel de família, indo a reuniões de pais e também fazendo visitas aos pacientes que precisam ser hospitalizados".

O trabalho do centro não é só de abrigamento. Os assistentes sociais também procuram resgatar o vínculo familiar dos usuários, buscando descobrir a origem daqueles que perderam contato com a família. "Dos 60 usuários do centro, 14 não têm identificação alguma e não sabem informar de onde vieram", disse Roseli.

Dois moradores do Mais Viver conseguiram sair dessa estatística. Há cerca de um mês, os assistentes sociais encontraram as famílias de Carlos Alberto Ferreira da Silva, 34 anos, e Hildo Ferreira Gomes, 48 anos, ambos alcoolistas e com transtorno mental causado pelo álcool. Antes de virem morar no centro, eles viveram pelo menos 15 anos nas ruas.