Em algumas categorias, como metalúrgicos e químicos, as duas maiores centrais do País, CUT e Força, atuam em parceria nas mesas de negociação. Empolgados com o desempenho das negociações nos seis primeiros meses do ano, nas quais 79% dos acordos e convenções coletivas obtiveram, no mínimo, a reposição da inflação medida pelo INPC do IBGE, os sindicalistas dizem haver espaço para a obtenção de ganhos reais de salário nas novas campanhas. Unidos, acreditam, sairão mais fortes para pressionar os empresários. “Isso parece óbvio, mas nunca foi feito”, disse Perez.
O presidente da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, prevê dificuldades nas negociações do segundo semestre, lembrando que algumas categorias, caso dos bancários e dos metalúrgicos, já dão sinais de que haverá enfrentamento caso não obtenham ganhos reais de salário. “Nossos companheiros bancários da CUT, paralisaram ontem (25) as agências da Avenida Paulista e os metalúrgicos, da Força, já distribuem jornais avisando que poderão interromper as atividades”, observou.
Segundo Gonçalves, a maior aproximação das centrais ocorreu graças aos intensos diálogos sobre reforma sindical no âmbito do Fórum Nacional do Trabalho (FNT). “Aprendemos a trabalhar em conjunto”, argumenta.
Além das campanhas salariais, a estratégia dos dirigentes sindicais busca fortalecer a unidade para enfrentar dois desafios de peso no curto prazo: formar acordos nacionais de categorias e debater a reforma da legislação trabalhista, também no FNT. “Se olharmos o balanço das negociações do primeiro semestre, notamos que os melhores desempenhos foram obtidos nas regiões Sudeste e Sul. Temos de transferir os ganhos dessas regiões para os trabalhadores do Norte e Nordeste e isso só vai acontecer se expandirmos e explorarmos mais a presença das centrais sindicais nas outras regiões”, opinou Perez. “A experiência conseguida para o metalúrgico daqui (Sudeste) tem que ser igual para o do Norte e Nordeste, e isso depende da construção de um contrato nacional das categorias.”
Na reforma trabalhista, as centrais também já acertam o compasso sobre quais temas serão inegociáveis na discussão das mudanças da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Não negociaremos 13.º salário”, citou Perez. “A legislação trabalhista será discutida, mas o empresariado não será louco de propor corte de direitos”, afirmou Gonçalves, dando o tom de integração entre as entidades. Os entendimentos entre elas continuarão, prometem, em reuniões e com o aquecimento das campanhas salariais a partir de setembro.
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